O diretor-geral da CBRE Portugal, Francisco Horta e Costa, lembra que, nos últimos cinco anos, “quebraram-se sucessivos recordes de investimento imobiliário no País, nomeadamente em imóveis de rendimento com 3,5 mil milhões de euros em 2019, comparados com 1,4 mil milhões de euros, em 2007, que tinha sido o melhor ano de sempre antes da crise financeira global”. Francisco Horta e Costa sublinha que foi também nos últimos cinco anos que se assistiu a uma vaga inédita de reabilitação urbana, tendo-se mais recentemente iniciado vários projetos de construção nova, sobretudo nas cidades de Lisboa e Porto, nos setores de habitação e escritórios. “Portugal conseguiu posicionar-se como um país muitíssimo atrativo para viver e trabalhar”, realça o gestor que não tem dúvidas que o setor recuperou muito bem da última crise e “estamos bem posicionados para recuperar desta”.
O CEO da Century 21 Portugal também destaca o desempenho positivo do setor e salienta que o País “mudou de escala e tem hoje níveis de notoriedade e credibilidade internacionais sem precedentes, quer como destino turístico, quer como destino de investimento imobiliário e fixação de empresas”. No entanto, alerta que ainda há um longo caminho a percorrer para superar os desafios e desequilíbrios criados com este crescimento, como o acesso à habitação por parte dos jovens e famílias. Isto porque “o investimento realizado na reabilitação de edifícios e na regeneração urbana nas cidades elevou o valor real do imobiliário a um ritmo mais rápido do que a evolução do rendimento disponível dos portugueses”.
A presidente executiva da RE/MAX, Beatriz Rubio, é outra das vozes que destaca o dinamismo do setor e que lembra que o aumento da procura acabou por estimular a subida de preços, ao mesmo tempo que fomentou a reabilitação de muitos imóveis um pouco por todo o País. Beatriz Rubio salienta, no entanto que, como em todos os setores, “os crescimentos regionais não foram integralmente homogéneos, havendo, claro, zonas mais ativas, onde a rotatividade dos imóveis foi maior, pelo que foi nestas que mais se destacou a evolução do setor”. Para a mesma responsável, as periferias das grandes cidades viram a sua importância aumentar, por força de um certo esgotamento da oferta nos centros das cidades e de uma renovada acessibilidade ao crédito. “A confiança nos mercados, as baixas taxas de juro e as muitas oportunidades de investimento, entre várias outras variáveis, potenciaram o crescimento do setor e com ele a dinamização da economia” refere Beatriz Rubio. O impacto da pandemia “acarretou uma desordenação deste ciclo de crescimento sentido nos últimos anos e nos dias de hoje o setor tem procurado reajustar-se à nova conjuntura nacional e internacional”, conclui.
Por seu turno, o diretor-geral da JLL Portugal, Pedro Lencastre, salienta que o setor imobiliário sempre foi um dos grandes motores da economia nacional. Mas na última década, “no debelar da crise económico-financeira que atingiu o País, teve um papel ainda mais determinante. Foi um forte captador de investimento internacional e, a par do turismo, deu um impulso vital à recuperação económica”, detalha Pedro Lencastre. E destaca que, em 2019, só o imobiliário comercial captou 3.240 milhões de euros, dos quais 87% de origem internacional. Sem esquecer que o setor movimenta perto de 30 mil milhões de euros por ano, o que equivale a 15% do PIB.
Na opinião do CEO da Worx, Pedro Rutkowski, Portugal tem-se mantido “na rota do investimento internacional, com especial destaque para as cidades de Lisboa e Porto, atravessando – pré-Covid – uma boa fase nível a nível do turismo e mantendo uma conjuntura económica favorável”. De acordo com Pedro Rutkowski, o sector imobiliário tem vindo a evoluir muito positivamente no sentido da profissionalização, internacionalização e inovação. Perante o atual cenário, sugere que “estas crises devem ser vistas como oportunidades para repensar a estratégia, adaptando-nos ao mercado e tentando sair reforçados com novas formas de negócio”.
Os últimos cincos anos do mercado imobiliário do Porto, também foram sinónimo de crescimento. Quem o diz é o responsável do departamento Corporate da Predibisa, João Leite Castro, que sublinha que o setor residencial apresentou crescimentos contínuos e o de escritórios e hotelaria apresentou um incremento mais acentuado nos últimos três anos. “Esta crise atual foi a única em cinco anos, período em que se registaram sempre crescimentos sucessivos”, remata o gestor.