A Inteligência Artificial (IA) poderá levar à perda líquida de mais de 80 mil empregos, através da automatização de 481 mil postos de trabalho, nos próximos dez anos, embora se estime a criação de 400 novos empregos. As conclusões são do mais recente estudo da Randstad Research, “A IA e o Mercado de Trabalho Português”, trabalho realizado em três vertentes e que identifica as perspetivas quantitativas e qualitativas da IA no emprego. Esta análise mostra que se espera que o impacto desta tecnologia seja maior nas tarefas com maior utilização da linguagem. Dados da Goldman Sachs mostram que se estima que 18% do trabalho a nível mundial poderia ser automatizado pela IA, sobretudo nas economias mais desenvolvidas, o que levaria a um aumento da produtividade e, logo do PIB mundial, um crescimento que poderia atingir os 7%.
Neste relatório a Randstad concluiu que TI (Tecnologias de informação), finanças, vendas, marketing, recursos humanos, operações, jurídicas e cadeias de abastecimento são as funções que apresentam o mais alto grau de automatização e atualização, logo, a maior exposição.
Serão as atividades informáticas e de telecomunicações a gerar mais novos empregos, ascendendo a cerca de 29% do total estimado.
Porém, é claro que a utilização da IA nas empresas trará novas oportunidades de negócio, logo novas profissões e consequentemente mais emprego. Por isso, o estudo da Randstad revela que em Portugal, na próxima década, se deverão criar cerca de 400 mil postos de trabalho que não existem atualmente, mas que deverão nascer do uso desta nova tecnologia. Contudo, a criação líquida seria negativa, levando à perda de cerca de 80 mil empregos. Atividades administrativas, atividades informáticas e telecomunicações podem ter cerca de 17% ou 18% dos seus processos automatizados. Também serão as atividades informáticas e de telecomunicações que gerariam mais novos empregos, cerca de 29% do total estimado. Já no aumento da produtividade, espera-se uma maior contribuição dos setores financeiros e de seguros e igualmente das atividades informáticas e telecomunicações, com 36%, e das atividades de consultoria, científicas e técnicas, com uma contribuição de 27%.
Cerca de 62% das empresas portuguesas já experimentaram IA
A análise qualitativa do estudo, realizada por inquéritos a empresas e colaboradores, mostram que mais de metade do universo empresarial – cerca de 62% – já utilizam IA, para várias funções. Por outro lado, é certo que 37,3% das inquiridas, sobretudo grandes empresas, não a utilizem em nenhuma atividade, sobretudo pelo facto de a IA estar num estado de adaptação recente, logo apresenta ainda problemas. Além disso, os colaboradores não possuem competências necessárias para a sua utilização e a legislação relativa à sua utilização ainda está em desenvolvimento, levantando muita incerteza.