O Dia Mundial da Poupança, criado com o intuito de alertar os consumidores para a necessidade de disciplinar gastos e de amealhar alguma liquidez, de forma a evitar situações de sobreendividamento, e promover a noção de poupança, celebra-se no próximo domingo, dia 31 de outubro.
A Forbes conversou com Sérgio Ruivinho, Administrador Executivo da SGF, sociedade gestora de fundos de pensões independente a operar em Portugal, para perceber como o contexto da pandemia impactou na poupança e quais os principais fatores de riscos para as rentabilidades neste último trimestre do ano.
Qual está a ser o comportamento dos portugueses durante a pandemia em termos de poupança? Tem havido uma maior procura? Quais as soluções que mais cresceram?
O tema da poupança ganhou primordial importância durante a pandemia.
O PPR destacou-se como um dos instrumentos financeiros de poupança mais apreciados pelos investidores individuais, dado o seu potencial de rentabilidade e a indiscutível eficiência fiscal que proporciona, quer no momento da subscrição quer no do reembolso.
Na SGF assistimos a um aumento substancial da procura por soluções de poupança com perfil de risco mais agressivo e com forte destaque para a contratação da poupança de longo prazo com entregas mensais programadas.
Esta tendência é visível na evolução das carteiras da SGF, em que a linha de negócios PPR apresenta um crescimento nos três primeiros trimestres de 2021 de cerca de 30% com especial relevância na oferta menos conservadora: PPR SGF Stoik, PPR SGF Poupança Dinâmica com crescimentos de 90%, PPR SGF ALFA e PPR SGF Poupança Ativa com crescimentos de 56% e 50%, respetivamente.
Quais são as soluções de poupança que a SGF mais aconselha atualmente, quer para empresas, quer para particulares, do ponto de vista da rentabilidade?
Historicamente, a classe de ativos que melhor desempenho tem para períodos de investimento longos é claramente a do segmento de ações. Nesse sentido, quando falamos de poupança de longo prazo, as soluções aconselhadas têm que passar necessariamente por produtos cuja exposição a esta classe de ativos seja elevada, ou seja superior a 50%/60%. As soluções identificadas anteriormente têm esse denominador comum.
Os problemas da Evergrande vieram criar instabilidade nos mercados. Também estão a afetar as intenções de investimento em poupança?
Tipicamente qualquer evento que traga alguma instabilidade ao mercado tende a retrair as intenções/propensão para investir. Ora, quando falamos de poupança de longo prazo, esses momentos costumam ser bons momentos para reforçar investimentos.
Quais são os principais fatores de riscos para as rentabilidades que identificam para este último trimestre do ano?
Uma postura mais agressiva por parte da reserva federal no forward guidance da política monetária, sendo este risco tanto maior quanto mais persistente for a escalada dos preços e mais seja posta em causa a transitoriedade da inflação elevada. Outro fator: desilusões no crescimento global na sequência de novas medidas sanitárias levadas a cabo num cenário de deterioração da situação pandémica.