Hong Kong aterra em Oeiras para promover oportunidades de negócio para empresas portuguesas

As empresas portuguesas que queiram investir em Hong Kong têm via aberta para o fazer. Esta é uma das conclusões a retirar da conferência “Business Opportunities in Hong Kong, and the Greater Bay Area”, que contou como keynote speaker o secretário para os Serviços Financeiros e Tesouro de Hong Kong, Christopher Hui. A conferência foi…
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O secretário para os Serviços Financeiros e Tesouro de Hong Kong, Christopher Hui, detalhou as oportunidades de negócio na conferência “Business Opportunities in Hong Kong, and the Greater Bay Area”.
Economia

As empresas portuguesas que queiram investir em Hong Kong têm via aberta para o fazer. Esta é uma das conclusões a retirar da conferência “Business Opportunities in Hong Kong, and the Greater Bay Area”, que contou como keynote speaker o secretário para os Serviços Financeiros e Tesouro de Hong Kong, Christopher Hui.

A conferência foi promovida pela Oeiras Valley Investment Agency (OVIA), pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Hong Kong, pelo Gabinete Económico e Comercial de Hong Kong em Bruxelas e pelo Gabinete Europeu de Shenzhen. Contou com a Forbes Portugal enquanto media partner e com a participação também da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa. A Câmara Municipal de Oeiras marcou presença através do seu vice-presidente, Francisco Rocha Gonçalves.

O encontro enquadra-se na visita que Christopher Hui escolheu fazer a três países europeus – Portugal, Espanha e Países Baixos –, sendo que, a vinda a Oeiras acontece no seguimento do périplo que a OVIA promoveu no passado mês de março a Hong Kong, Macau e outras cidades do universo chinês.

Durante a conferência, o chairman da OVIA, o embaixador António Martins da Cruz, lembrou que “Hong Kong é um importante centro financeiro não só na Ásia como no mundo” e sublinhou que tanto esta região administrativa chinesa como Macau “são importantes portas de entrada para a Great Bay Area, assim como, para o mercado chinês, sobretudo para as empresas portuguesas. São a plataforma para as empresas portuguesas entrarem nos mercados chineses que são muito importantes para nós”.

Martins da Cruz disse ainda que “acreditamos que Portugal e também Oeiras são as melhores plataformas para as empresas chinesas e de Hong Kong acederem não só ao mercado português como também ao mercado europeu, assim como, aos países lusófonos que integram a plataforma da Comunidade de Países de Língua Portuguesa”. E rematou dizendo que “estou certo de que as empresas portuguesas vão aproveitar as oportunidades existentes não só em Hong Kong como também em Shenzhen”.

Perante uma plateia de empresários afetos à esfera de representatividade da Oeiras Valley Investment Agency e não só e de entidades que representam o doing business com a China, Christopher Hui começou por sublinhar que “a nossa economia também continua a crescer.  A economia da região registou um crescimento moderado no primeiro trimestre de 2024. As exportações de serviços continuaram a ser um importante motor de crescimento, enquanto as exportações totais de bens continuaram a melhorar”.

Economia em crescimento

O secretário para os Serviços Financeiros e Tesouro de Hong Kong socorreu-se dos números para provar o bom momento económico que se vive na região administrativa especial chinesa ao detalhar que “o PIB real cresceu 2,7% em termos homólogos, tendo aumentado 4,3% no trimestre anterior. Numa comparação trimestral corrigida de sazonalidade, o PIB real aumentou 2,3%”.  E acrescentou que “as exportações de serviços continuaram a crescer notavelmente 8,4% em termos anuais em termos reais no primeiro trimestre.  Numa análise prospetiva, a economia de Hong Kong deverá registar um novo crescimento no resto do ano”.

O mesmo responsável lembrou ainda que o setor financeiro é um dos principais ativos de Hong Kong até porque a região administrativa “continua a ser o principal centro de gestão de ativos e riqueza da Ásia, gerindo perto de quatro mil milhões de dólares em ativos.  Somos também o maior centro de fundos de hedge da Ásia e o segundo maior centro de private equity”. Os depósitos bancários em Hong Kong ultrapassaram os dois mil milhões de dólares no final de fevereiro, um valor superior em cerca de 17% ao nível pré-Covid.

Aproveitando o facto de se assumir como “um país, dois sistemas”, de entre as vantagens da região, a mesma fonte sublinhou que Hong Kong “é um “superconector” e atua “em concertação com a estratégia do nosso país e das empresas do continente de se tornarem globais, criando assim oportunidades para os nossos jovens e impulsionando a nossa capacidade social e desenvolvimento económico”.

Os 3 D’s do desenvolvimento

Christopher Hui aproveitou ainda para partilhar aquilo a que chama “o mais recente desenvolvimento dos serviços financeiros de Hong Kong em 3 ‘Ds’”. O primeiro D citado pelo responsável dos Serviços Financeiros e Tesouro de Hong Kong é diversificação. Isto porque, nas suas palavras, “enquanto centro internacional de gestão de risco, que disponibiliza uma vasta gama de canais de gestão de risco, Hong Kong esforça-se por diversificar a sua oferta de serviços financeiros, por exemplo, desenvolvendo negócios em RMB, à medida que procuramos oferecer uma proteção contra desafios e incertezas económicas externas”.

O segundo D é a descarbonização.  “Sendo um centro financeiro internacional, Hong Kong está a posicionar-se ativamente para ser o centro financeiro verde global.  Em abril, emitimos a declaração de visão sobre o desenvolvimento de um ecossistema robusto de divulgação de sustentabilidade em Hong Kong”, realçou Christopher Hui.  E detalhou que “o nosso objetivo é estar entre as primeiras jurisdições a alinhar os requisitos locais de relatórios de sustentabilidade com os novos padrões de divulgação do International Sustainability Standards Board (ISSB) – que foram publicados como base global para as entidades prepararem informações comparáveis sobre clima e sustentabilidade”.

O mesmo responsável salientou que ao se demonstrar “o compromisso em reforçar a posição de liderança de Hong Kong no mapa financeiro sustentável internacional, pretendemos solidificar a competitividade das empresas em Hong Kong para responder à crescente procura global de dados e divulgações de sustentabilidade”.  E detalhou as várias ações no terreno para concretizar este objetivo, como por exemplo, o facto de irem lançar “um roteiro detalhado ainda este ano para fornecer um caminho transparente e bem definido sobre relatórios de sustentabilidade para empresas em Hong Kong”.

Em tempos de aposta numa economia mais verde, Christopher Hui revelou que “o total da dívida verde e sustentável (incluindo títulos e empréstimos) emitida em Hong Kong ultrapassou 50 mil milhões de dólares em 2023. Entre os quais, o volume de títulos verdes e sustentáveis emitidos em Hong Kong superou o mercado asiático em 2023, representando 37% do total”.  Desde maio de 2024, de acordo com o mesmo responsável, “também expandimos o âmbito do Programa de Títulos Verdes Governamentais para o Programa de Títulos Governamentais Sustentáveis, abrangendo projetos de financiamento mais sustentáveis”.  Além de em 2024-2025, “emitiremos 120 mil milhões de dólares em títulos, dos quais 70 mil milhões serão parcelas de retalho que incluem 20 mil milhões de dólares em títulos verdes e títulos de infraestrutura para alcançar a inclusão financeira e aumentar um “senso de participação” em infraestruturas e desenvolvimento sustentável entre o público”.

O terceiro D é um espelho dos dias que correm, a digitalização. Christopher Hui explicou que nesta vertente estão incluídos dois itens principais: ativos virtuais e fintech.  Relativamente aos ativos virtuais, “emitimos uma Declaração Política em Outubro de 2022, que define claramente a nossa posição política e abordagem para o desenvolvimento da Virtual Assets em Hong Kong.  A nossa abordagem é sempre clara, centrando-se numa regulamentação prudente e baseada no risco”. 

Quanto à componente fintech, “existem atualmente cerca de mil empresas fintech a operar na cidade, abrangendo uma gama diversificada de áreas, como pagamentos móveis, gestão de património transfronteiriça, serviços de consultoria financeira alimentados por IA e tecnologia regulamentar”.  Existe nas palavras do mesmo responsável “um ecossistema bem desenvolvido que inclui oito bancos virtuais, quatro companhias de seguros virtuais e dois fornecedores licenciados de serviços de ativos virtuais que estão a redefinir os serviços financeiros tradicionais”. E citou um estudo de mercado recente que conclui que, em 2023, “Hong Kong ficou em quarto lugar na Ásia e nono globalmente em termos de investimento em fintech, entrando pela primeira vez no top 10 global”.

Com base em todos estes indicadores, Christopher Hui rematou a sua apresentação com um repto: “gostaria de convidar todos a visitarem Hong Kong.  Mais de 100 megaeventos emocionantes continuarão a acontecer na cidade no segundo semestre do ano, abrangendo eventos culturais, artísticos e criativos; desportos; convenções e exposições; eventos relacionados com finanças, economia, inovação e tecnologia; bem como festivais, celebrações, galas e carnavais”. 

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