“É um dos mais bonitos e poderosos concertos para violino. É uma peça incrível!”, afirma Isabelle Faust, em entrevista telefónica à Forbes. Faust, uma das mais brilhantes violinistas da atualidade, tem uma ligação especial a esta obra de Berg, que chegou a gravar com o maestro Claudio Abbado, uma das suas figuras de referência.
Por outro lado, a história que envolve o concerto é também ela interessante, embora triste. “Berg já tinha começado a compor esta peça quando Manon Gropius, filha do seu amigo Walter Gropius, morreu aos 18 anos. Ficou muito chocado por esta morte precoce e acabou por dar ao concerto o subtítulo ‘em nome de um anjo’, em homenagem a esta jovem que morreu cedo demais”, conta Faust, para quem é fácil perceber a história de Manon (cuja mãe era Alma Mahler, viúva do compositor Gustav Mahler), ao longo de todo o concerto.
O Concerto para Violino e Orquestra, de Alban Berg, será interpretado pela orquestra Gulbenkian, sob direção do maestro Lorenzo Viotti.
“O primeiro movimento representa a sua juventude, e inclui melodias tradicionais austríacas, o que faz lembrar os tempos felizes da sua vida. O segundo movimento começa de uma forma muito dramática – que pode ser interpretada como o aparecimento da doença [poliomielite] e, no final da peça há um coral de Bach e é fácil de imaginar que é a sua subida aos céus”, explica a violinista, que define este como um concerto “muito plástico”.
Conhecida pelas suas interpretações de Bach, Isabelle Faust encontra neste concerto de Berg, composto em 1935, uma ponte para a obra do compositor barroco.
“Bach é uma parte muito importante do meu trabalho e também é um aspeto muito importante de todos os músicos clássicos. Muitos compositores não seriam nada se ele não tivesse existido. Ele acaba por “espreitar” em muitas outras obras sem de facto aparecer. Alban Berg, tal como muitos outros, foi influenciado por Bach e é fantástico ver como ao trabalhar com o original de Bach o transforma em algo totalmente seu”, diz Isabelle Faust.
“Tenho muita sorte por ter tantas peças para violino deste compositor”, garante Isabelle Faust.
Em relação ao concerto de Berg que vai interpretar na Gulbenkian, não tem dúvidas. “É uma peça muito entusiasmante, mesmo para uma pessoa que não saiba muito sobre Alban Berg ou sobre a música deste período. É uma música que ‘fala’ de forma muito direta para toda a gente – uma peça muito dramática mas com o coral de Bach no fim, mas também muito clara transparente. É uma peça que adoro tocar!”.