Healthcare Summit 2025: “A inteligência artificial não vai eliminar o erro, vai ser um apoio ao médico”

Joana Feijó, diretora de desenvolvimento de negócio do Health Cluster Portugal, e Pedro Brito da Cruz, diretora da unidade de consultoria da IQVIA Portugal, foram os oradores do painel "Inteligência Artificial: O Cérebro do Novo Sistema de Saúde", da segunda edição da Healthcare Summit, organizada pela Forbes Portugal. Moderado por Paulo Marmé, editor do online…
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A inteligência artificial foi um dos temas que marcou a segunda edição da Healthcare Summit, organizada pela Forbes Portugal.
Healthcare Summit 2025 Tecnologia

Joana Feijó, diretora de desenvolvimento de negócio do Health Cluster Portugal, e Pedro Brito da Cruz, diretora da unidade de consultoria da IQVIA Portugal, foram os oradores do painel “Inteligência Artificial: O Cérebro do Novo Sistema de Saúde”, da segunda edição da Healthcare Summit, organizada pela Forbes Portugal.

Moderado por Paulo Marmé, editor do online da revista, o painel começou com a pergunta: O erro médico vai ser anulado?

“A IA não vai eliminar o erro médico, vai capacitar o médico para o diminuir o máximo que consegue, vai ser um apoio ao médico quando este tem que tomar decisões ou em tarefas mais administrativas”, defendeu Joana Feijó.

Já Pedro Brito opta por olhar para a questão não na perspetiva do erro médico, mas sim na possibilidade de “capacitar os médicos para torná-los uma espécie de super-médicos”.

“Muitas vezes a medicina está preparada para testar hipóteses. Eu, com um modelo e ferramentas de IA, consigo de forma mais ou menos não direcionada eventualmente deter coisas que não estava a contar detetar”, disse, realçando que, desta forma, poderemos ter mais diagnósticos precoces.

Apesar de não serem tantos quanto se poderia esperar, existem já diversos exemplos da aplicação da IA na área da saúde em Portugal. “Há um aumento exponencial da investigação, algumas empresas a certificar e um baixo número a implementar. Não temos uma grande variedade de empresas já com IA aplicada”, explicou Joana.

Alguns dos exemplos mencionados passam pela iLoF, uma startup que deteta cancro do ovário em amostras de sangue e aplica a mesma solução em relação ao alzheimer; a Medgical, que consegue transcrever uma consulta do início ao fim e, assim, preencher o processo clinico de forma estruturada e permitindo uma maior ligação entre o médico e o doente; e as soluções da IQVIA. Pedro destaca o Patient Finder e o Agentic AI. O primeiro é “uma ferramenta que permite a um profissional de saúde ou um investigador pesquisar doentes com determinadas características que lhe interessam, conseguindo assim acelerar significativamente os ensaios clínicos”, enquanto que o segundo passa por “uma espécie de um 2.0 do ChatGPT”.

Barreiras à inteligência artificial

O facto de não existirem tantas soluções ligadas à IA a ser aplicadas em Portugal está relacionado com uma série de barreiras que, neste momento, ainda limitam a ferramenta.

Joana Feijó destaca alguns exemplos. Para começar, a nível tecnológico: “Um dos temas são os dados, a IA funciona em cima de escalas de informação brutais e para isso é preciso que esses dados tenham qualidade, existam e possam ser utilizados”, disse, explicando que existe alguma dificuldade em adotar práticas internacionais a nível do uso de dados e também na própria infraestrutura.

“Uma outra barreira tem a ver com a black box da IA: a forma como ela funciona não ser acessível a quem utiliza. Um médico que não entenda o algoritmo vai ter dificuldade em adotar. A IA tem de ser sempre acompanhada por uma explicação. Existem ainda as barreiras sociais e culturais. Destaque para a literacia, que é promover o conhecimento da população, do doente e dos próprios profissionais”, continuou.

O painel terminou com uma questão sobre o Serviço Nacional de Saúde: de que modo é que a inteligência artificial pode ajudar?

Pedro começou por eleger a ferramenta que permite transcrever diretamente a conversa entre o médico e paciente. “Se numa consulta conseguisse encaixar duas, porque o médico não tem de estar a escrever, consigo aumentar significativamente a produtividade dos profissionais de saúde. A tecnologia existe, está disponível e pode ser implementada no limite amanhã”, disse.

Além disso, é possível usar IA para ajudar a gerir o agendamento das consultas, considerou, conseguindo gerir melhor os momentos de cancelamento.

Já Joana deixou as seguintes sugestões: “Um primeiro ângulo mais focado na resolução do grande problema atual, que é a grande afluência aos hospitais e a exaustão dos profissionais de saúde. A IA pode ajudar automatizando tarefas administrativas, prevendo que horas serão de mais afluência, triagens automáticas, etc.. Também a criação de um data lake nacional, que poderá trazer às startups a capacidade de inovar mais a nível de diagnostico, terapêutica, acompanhamento remoto, entre outros”.

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