A consultora Boston Consulting Group (BCG) avaliou os hábitos de consumo dos portugueses em tempo de pandemia e concluiu que 41% dos cidadãos conseguiu poupar mais do que em anos anteriores. No estudo “Hábitos do Consumidor Português”, onde são analisadas as perspetivas dos portugueses sobre o futuro da pandemia, a BCG refere que 60% dos inquiridos prevê guardar algum montante já a pensar no futuro, enquanto 31% pretende viajar, 28% quer investir num imóvel e 26% equaciona investir em produtos financeiros.
O estudo salienta a acumulação de riqueza abrandou durante a pandemia, “com uma taxa de crescimento médio anual de 3% em 2015-2019, a comparar com os 2% em 2019-2020, e de uma considerável parte da população ter sido impactada financeiramente”.
A forma como se efetuam os pagamentos mudou. O documento salienta que acentuou-se a tendência de abandonar o dinheiro físico e a penetração do canal digital no setor bancário aumentou através, sobretudo, de online banking (23%) e de aplicações móveis (21%). De acordo com a BCG, 51% das pessoas pagou em dinheiro com menor frequência, 20% passou a utilizar MB WAY e 13% começou a utilizar a aplicação do próprio banco.
Quanto às atividades essenciais e de lazer, os portugueses esperam alterar os seus comportamentos face ao período pré-pandemia com 43% das pessoas a desejar estar mais tempo com a família, 38% a pretender fazer mais compras online, 34% a planear utilizar menos transportes públicos e 47% a revelar que irá com menor frequência a discotecas.
Os sucessivos confinamentos e as precauções com o distanciamento social, teve como efeito os consumidores a passarem mais tempo em redes sociais e a percentagem de pessoas que as utilizaram durante mais de uma hora por dia aumentou perto de 10 p.p., quando comparado com o período pré-pandemia.
Outra das conclusões do estudo é que a maioria dos portugueses prefere manter-se no modelo de trabalho híbrido ou remoto. Assim, 64% da população afirma sentir-se confortável ou indiferente a trabalhar presencialmente, mas apenas 36% a preferir um modelo totalmente presencial. Esta preferência por modelos com componentes remotas pode estar relacionada com três sentimentos gerais identificados no estudo: com 31% das pessoas a sentirem que são mais produtivas a trabalhar de forma totalmente presencial, a vontade de utilizar o tempo livre “extra” para estar com a família (58%), cuidar da casa (49%) e praticar desporto (45%), e, por último, as reservas que 10% da amostra mostra em voltar a utilizar transportes públicos.
Citado no comunicado, o managing director e partner da Boston Consulting Group, Pedro Pereira, sublinha que “é essencial compreender as mudanças no comportamento dos consumidores portugueses após quase dois anos de pandemia para se desenharem as estratégias nos vários setores para o próximo ano. A incerteza que ainda marca o futuro da pandemia obriga a que as empresas, marcas e serviços mantenham a sua flexibilidade para se adaptarem ao que o contexto exigir”.
O estudo foi realizado através de mil entrevistas que decorreram entre os dias 18 e 22 de novembro.