Opinião

Há elevador ou subimos de escadas

Nilza Rodrigues

Quando pensamos em sucesso, pensamos em como se chega a esse patamar. A esse top dos tops que faz integrar as reputadas e ambicionadas listas da Forbes. Será a educação, a herança, o ambiente em que crescemos, o local onde nascemos. Será pelo nosso próprio ADN. Estudos sobre mobilidade social demonstram uma correlação entre a condição socioeconómica dos pais e a dos filhos adultos.  Entre o nível de escolaridade dos primeiros e o sucesso dos segundos. Entre o ambiente em que se cresce – com ou sem pão na mesa e com ou sem material escolar – e o acesso a cargos de direção.

Segundo o projeto Portugal Balanço Social, do Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center, filhos de trabalhadores não qualificados têm uma taxa de risco de pobreza 3 vezes maior do que os filhos de especialistas das atividades intelectuais (22% e 7%, respetivamente). E uma em cada quatro pessoas que cresceu num agregado com uma má situação financeira é pobre. Todos os caminhos vão dar a um: o investimento educativo. Portugal tem baixos níveis de mobilidade social entre os mais pobres e os mais ricos e no jogo da glória, o ponto de partida obriga a uma maior equidade. Ou seja, assegurar que as oportunidades que alguém vai ter ao longo da vida não estejam dependentes do enquadramento económico e social em que nasceu. E para isso temos de começar por colocar no nosso mindset que a educação é realisticamente uma prioridade e fazer refletir no papel esse sentir. Que é como quem diz no Orçamento de Estado de Estado. A fatia para a Educação aumentou esta ano de facto, mas continua desproporcional às necessidades do país real. Vamos continuar a não conseguir reter talento num Portugal pouco apetecível para as gerações mais novas. Vamos continuar a ter greves de professores. Vamos continuar a que a educação não chegue para todos da mesma forma. E vamos continuar a pensar pequenino. E a sonhar alto. Valham-nos isso, porque há sempre quem contrarie as tendências acima descridas e vença em ambiente de adversidade. Sem elevador, a subir as escadas.

 

 

 

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