A guerra na Ucrânia começou a 24 de fevereiro com a invasão do território do país pela Rússia. As consequências têm sido devastadoras não apenas para a população e infraestrutura do país, mas também para o meio ambiente. Segundo o recente relatório da NATO, os danos climáticos causados pelo conflito, quando quantificados, atingem 29,6 mil milhões de euros. Este valor não só reflete a destruição de ecossistemas causada pelo conflito, como a poluição do solo e da água, e o aumento das emissões de carbono daí oriundas.
O relatório foi publicado durante a Cimeira da NATO, em Washington, EUA, e visa sublinhar a necessidade do cumprimento do plano de ação delineado pelos líderes em 2021.
Segundo o relatório, os bombardeamentos constantes e a utilização de armamento pesado têm provocado incêndios florestais descontrolados, liberando grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera. A destruição de instalações industriais e de armazenamento de combustíveis contaminou vários rios e aquíferos – uma ameaça direta à biodiversidade local e à saúde pública.
O relatório avalia como as mudanças climáticas afetam os diversos domínios operacionais da NATO: marítimo, terrestre, aéreo, espacial e cibernético. Considera, também, as consequências para as missões e operações da Aliança, bem como para a resiliência e preparação civil.
Nos primeiros dois anos do conflito, analistas estimam que cerca de 175 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) foram libertadas.
O Parlamento Europeu também alertou para as graves consequências ambientais da guerra, sublinhando que a devastação causada pelas forças russas está a comprometer os esforços globais de combate às mudanças climáticas. A guerra na Ucrânia não só agrava a crise humanitária, como representa um recuo significativo nos compromissos ambientais assumidos internacionalmente.
Conforme afirmado pelos especialistas que elaboraram o relatório, este é um tema de preocupação crescente no que toca ao meio ambiente. Para além disso, a implementação de políticas eficazes de mitigação e adaptação climática é dificultada com a degradação ambiental exacerbada pelo conflito armado. De acordo com a NATO, este último é um exemplo claro de como a violência e a instabilidade política podem ter repercussões ambientais de longo alcance.
É de notar que os danos climáticos contabilizados pela NATO incluem não só a destruição imediata do ambiente, mas também os seus efeitos a longo prazo, como a perda de habitats naturais e a redução da capacidade de sequestro de carbono pelas florestas destruídas.
Organizações como a ONU e o Greenpeace têm apelado para um cessar-fogo imediato e para a implementação de medidas de recuperação ambiental na região.
A poluição causada pelo conflito também tem efeitos graves na saúde pública. A contaminação da água e do solo causa doenças e torna vastas áreas impróprias para a agricultura, afetando a segurança alimentar do país. Comunidades inteiras já foram deslocadas depois de perderem os seus meios de subsistência, enfrentando incertezas adicionais quanto ao seu futuro.
As restrições no espaço aéreo dos países aumentaram a pegada de carbono do setor da aviação.
Durante a Cimeira, a NATO destacou que a Ucrânia está num caminho irreversível para a adesão à aliança, apesar dos desafios impostos pela guerra. Esta perspetiva de adesão reflete o apoio contínuo da comunidade internacional à Ucrânia e o reconhecimento dos sacrifícios feitos pelo país na defesa da sua soberania e valores democráticos. A comunidade internacional está ciente que tem um papel crucial a desempenhar na mitigação destes danos e no apoio à Ucrânia para superar esta crise que a todos nós nos afeta.