A Audi confirmou esta sexta-feira que estará presente na Fórmula 1 a partir de 2026. A marca competirá com um motor especialmente desenvolvido para a modalidade rainha do automobilismo. O projeto será baseado nas instalações da Audi Sport em Neuburg, perto de Ingolstadt.
Com este anúncio, o Grupo Volkswagen passará a ter duas marcas a disputar a Fórmula 1 dentro de quatro anos. Isto porque a Porsche, outra sigla do grupo alemão, também deve entrar na Fórmula 1 em 2026 em parceria com a Red Bull, prevendo-se que esse anúncio oficial até possa surgir na próxima semana.
Isto significa que o Grupo VW irá dois programas separados de desenvolvimento de motores – que serão muito mais caros do que compartilhar projetos e rebatizá-los. No entanto, atendendo ao ADN de ambas as marcas, os responsáveis do grupo decidiram separar e não juntar as atividades.
Falando sobre a decisão de ter projetos separados, o presidente do conselho de Administração da Audi, Markus Deusmann, assume ter havido longas discussões dentro da empresa sobre se devia ou não haver partilha de recursos de motores com a Porsche.
“Houve uma grande discussão, mas decidimos, como ambas as nossas marcas, Audi e Porsche, têm muitos fãs e têm um caráter específico, manter tudo em separado e fazer duas operações”, afirma Deusmann.
O homem-forte da Audi acrescenta que Audi e Porsche estarão integradas em “equipas diferentes e o motor deve ser projetado especialmente para o chassis para o qual se destinar. É por isso que decidimos dividir o trabalho, porque teremos chassis completamente diferentes e motorizações completamente diferentes.”
Custos não foram referidos ainda
A Audi não adiantou nenhum valor sobre os custos envolvidos para entrar na Fórmula 1, ou quanto foi reservado em termos de orçamento para esta aposta, mas diz que não precisa de ganhar dinheiro com este compromisso.
“Vamos gastar tanto dinheiro quanto gastávamos antes nas outras categorias de corridas de automóveis, pelo que este assunto para nós não representa um gasto adicional”, diz Duesmann, que esclarece que o plano aponta para um compromisso de longo prazo.
O anúncio da entrada da Audi na F1 foi feito no contexto do Grande Prémio da Bélgica de Fórmula 1, em Spa-Francorchamps.
Será a primeira vez numa década que um motor de Fórmula 1 será construído na Alemanha.
“O automobilismo é parte integrante do ADN da Audi”, diz Markus Duesmann, Presidente da Audi. “A Fórmula 1 é um palco global para a nossa marca e um laboratório de desenvolvimento altamente desafiador. A combinação de alto desempenho e competição é sempre um motor de inovação e transferência de tecnologia na nossa indústria. Com as novas regras, agora é o momento certo para nos envolvermos”.
A decisão da Audi em disputar a Fórmula 1 tem a ver com o facto de as novas regras técnicas, que serão aplicadas a partir de 2026, visarem uma maior eletrificação e o uso de combustível sustentável (sintético).
Além do limite de custos existente para as equipas, será introduzido em 2023 um limite de custos para os fabricantes de motores. Além disso, a Fórmula 1 estabeleceu a meta de ser uma competição neutra em carbono até 2030.
“Nós não vamos montar uma nova equipa completa. É muito melhor se começar com um carro existente”, deixou claro Markus Duesmann.
Em termos de cronograma, a Audi revelará até ao final do ano qual será a equipa que será sua parceira na F1.
“Há uma grande probabilidade de termos uma motorização Audi num carro existente”, acrescentou Duesmann sobre o provável futuro parceiro.
Tudo indica que o construtor esteja em negociações com o Sauber Group (podendo vir a comprar 75% desta equipa), cuja equipa compete sob o nome Alfa Romeo, segundo adianta a Reuters.
Aston Martin e Williams, que usam motores Mercedes, também manifestaram interesse em se associar à Audi. McLaren poderá ser ainda outra hipótese.
A Audi foi 13 vezes vencedora das 24 Horas de Le Mans antes de abandonar a competição em 2017 e a marca tem um pedigree que remonta às corridas pré-Segunda Guerra Mundial como Auto Union.