O CEO do Grupo Nobias European Studios propôs investir de 10 milhões de euros no Global Media Group (GMG) para ficar com 51% da empresa, segundo um comunicado enviado às redações.
Em finais do ano passado, o CEO disse, em entrevista exclusiva à revista Forbes Portugal, que “sendo um braço da Nobias Media Sarl, a Nobias European Studios pretende fazer investimentos em Portugal, no setor dos media, de entre 50 e 100 milhões de euros ao longo dos próximos três anos”. O mesmo responsável disse ainda que “estamos há algum tempo a trabalhar nesta identificação de possíveis investimentos no setor em questão, mas nem sempre as concretizações acontecem nos momentos em que o idealizámos. Portanto, continuamos no mercado e atentos e disponíveis para as boas oportunidades que eventualmente surjam.”
Ricardo Silva Oliveira é co-fundador e CEO da Nobias European Studios, empresa que foi constituída em parceria com o produtor de cinema polaco Grzegorz Hajdarowicz, proprietário da Gremi Media, e que tem como sócio maioritário o milionário de origem húngara George Soros. Este grupo polaco detém vários órgãos de comunicação social e trabalha com marcas como a Netflix, Louis Vuiton, Microsoft, IBM, entre outras. A Nobias European Studios detém um dos maiores e mais modernos estúdios de multimédia do mundo, os estúdios Alvernia, localizados na Cracóvia, Polónia.
É a partir daqui que produzem conteúdos, programas, eventos para os gigantes mundiais. Para além da Polónia tem ainda capacidade de produção em Itália e na Alemanha. O escritório da Nobias em Lisboa, deverá ser o principal centro de ligação entre o capital, as empresas do Japão, Coreia do Sul e Taiwan e as empresas europeias de música, cinema e entretenimento. A empresa está muito focada na produção de micro-séries e acredita que pode ser a primeira empresa a ter este tipo de conteúdo pronto para oferta à Europa.
O GMG, que detém o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo, tem passado por dificuldades financeiras, e não pagou os salários de dezembro a uma parte significativa dos trabalhadores, que realizaram uma greve, no dia 10 de janeiro.
De acordo com o comunicado agora divulgado, Ricardo da Silva Oliveira, manifestou, através de uma carta enviada em 11 de janeiro ao seu homólogo da Global Media, o “interesse para contribuir para uma solução que garanta a sobrevivência integral” do grupo de comunicação social, “viabilizando a continuidade das suas marcas, e assegurando a maioria dos seus postos de trabalho”.
Nessa carta, Ricardo da Silva Oliveira justifica a proposta dadas “notícias publicadas nos media portugueses” sobre a situação do Grupo Global Media, nomeadamente sobre “a intenção de a atual administração avançar com um despedimento coletivo de mais de duzentas pessoas, e de um possível desmembramento do grupo ou do desaparecimento de marcas muito relevantes no panorama mediático nacional”.
Proposta passa pela injeção de 10 milhões de euros por 51% do grupo
A proposta passa pela “injeção de capital na empresa através de um valor” a rondar os 10 milhões de euros, com base “na informação não oficial disponível” que permita “ficar com uma posição de 51% no grupo, e respetivo controlo, incluindo todas as subsidiárias, afiliadas, marcas registadas, arquivos, licenças e outros ativos”, destacou.
A empresa disse ainda que, se for necessário, injetará mais dois milhões de euros “sob forma de aumento de capital” no GMG.
Segundo o comunicado, a verba “ficaria disponível em caixa, para responder a necessidades imediatas da empresa, e para assegurar a sua continuidade”, podendo ainda “colocar em marcha a implementação de uma nova visão, de um novo modelo de negócio e de gestão, com vista à modernização da empresa”.
Ainda assim, o investidor disse que na manifestação de interesse deu a conhecer que antes de assumir este compromisso, “teria de fazer uma ‘due diligence’ [análise] aprofundada ao nível legal, financeiro e de gestão”.
Segundo a nota, “em termos gerais, os acionistas ficaram a saber que como exigências seria necessário aceitar a diluição da sua participação” para menos de 50%, “que abdicariam dos suprimentos ou quaisquer dívidas que a empresa tenha para com eles, e que o Conselho de Administração será renomeado de forma a incluir uma nova maioria”.
Grupo dá garantia de integridade editorial
“Demos ainda a conhecer que a Nobias European Studios S.A. fornecerá as garantias habituais para assegurar a integridade editorial contínua das propriedades e títulos dos meios de comunicação social do Global Media Group sob a liderança editorial existente ou qualquer outra que venha a existir”, disseram.
A empresa revelou ainda que este não é um interesse recente, pois “já há dois anos esteve em conversações”, mas entendeu “ser este o momento de avançar”.
“Que fique claro que vimos para salvar o grupo e evitar o seu desmembramento, lutar para que não fiquem publicações para trás, mas sobretudo proteger o capital humano do grupo, assegurando a manutenção dos respetivos postos de trabalho”, garantiram.
(Com Lusa)