O grupo Nabeiro – Delta Cafés prepara-se para disputar o campeonato das dez maiores empresas do setor a nível mundial. Esta meta foi divulgada pelo presidente executivo da empresa de Campo Maior, Rui Miguel Nabeiro, durante a apresentação da nova máquina de cápsulas, RISE, cujo design ficou a cargo do criador francês Philippe Starck.
Rui Miguel Nabeiro assumiu que a Delta Cafés está a investir para se dotar das ferramentas que lhe permitirão ascender ao Top 10 mundial com base no volume de negócios. Para atingir este patamar, uma das apostas é o investimento na requalificação da fábrica de Campo Maior. “A nossa fábrica está a ser alvo de uma preparação para aumentos de volume, que é o que esperamos que aconteça. Temos um plano de investimento a cinco anos de 10 milhões na recapacitação da fábrica para o crescimento”, realçou o gestor da empresa fundada por Rui Nabeiro.
De acordo com o presidente executivo do grupo Nabeiro – Delta Cafés, “encomendámos uma nova máquina de cápsulas que chegará durante o ano que vem e que irá dar resposta ao crescimento internacional além do que temos já em Portugal”.
Rui Miguel Nabeiro realçou que hoje, a fábrica já torra cerca de 26 milhões de quilos de café. “Queremos dotar a nossa fábrica com um aumento de produtividade na ordem dos 30%. Com estes 26 milhões não significa que estamos no limite ainda temos folga para continuar a crescer”. Com este investimento, “o que queremos é antecipar essas necessidades. Hoje o maior desafio que as empresas têm é o sourcing de tudo e, portanto, prepararmos antecipadamente para esses desafios é absolutamente essencial porque não conseguimos encomendar uma máquina e tê-la em cinco ou seis meses como acontecia no passado”, detalhou o gestor.
Sobre o timing para atingir a meta de figurar no Top 10 das empresas de café, Rui Miguel Nabeiro explicou que “o horizonte que tínhamos estimado era dez anos. Já tinha falado disto há quatro anos, já só temos seis anos para lá chegar”. O gestor sublinhou ainda que “acredito que este fator da inovação vai ajudar. Estamos a crescer 20% em todos mercados internacionais. Só com um caminho bem feito no mercado internacional vai ser possível esse desígnio porque só com o mercado português não será possível, por muito que Delta conte hoje com uma quota extraordinária na ordem dos 42% em valor”. Por isso, “neste momento o crescimento internacional é essencial”, assumiu.
Em termos de mercado externo, que representa 35% do volume de negócios, a Delta está presente diretamente em Espanha, Luxemburgo, Angola, Suíça, Brasil e China, a que se junta os outros mercados onde não tem uma presença física, mas também vende os produtos das 17 categorias do portfólio. No total são 35 países que integram a aposta internacional. Rui Miguel Nabeiro destacou a aposta na Polónia onde a empresa está presente através de uma parceria com o grupo retalhista Jerónimo Martins que está a ter bons resultados, mas que acredita que no próximo ano será o maior para onde exportam.
Questionado sobre o impacto do abrandamento do consumo, assim como do aumento da inflação e da energia, o CEO do grupo Nabeiro salientou que “do ponto de vista do consumo não estamos a sentir esse abrandamento. O que se sente é um aumento desmesurado dos custos de tudo”. Rui Miguel Nabeiro realçou que “os custos energéticos para nós aumentaram em 800%. Isto não é muito fácil de acomodar naquilo que são as nossas margens”. O gestor admitiu que “seguramente vamos ter o melhor ano de sempre de vendas, mas isso não vai significar, de modo algum, que vai ser o melhor ano de resultados. Longe disso. Recuperamos para resultados positivos este ano depois de dois anos de resultados negativos”.
De acordo com a mesma fonte, no horizonte está “um caminho difícil porque não é possível passar para o consumidor a totalidade dos aumentos de preços que estamos a sofrer. Infelizmente hoje não sentimos o aumento de preços a abrandar. Não se espera que os custos energéticos vão baixar”.
Ainda assim, antecipa que o volume de negócios, em 2022, deverá ascender a 430 milhões de euros, assumindo que “recuperamos finalmente da pandemia. Estivemos dois anos abaixo de 2019. Este ano a nossa ambição, e que acreditamos que vai acontecer, é que estaremos 15% já acima de 2019 do ponto de vista de faturação”.
No dia em que lançou a nova máquina RISE, o grupo de Campo Maior aproveitou para revelar o rebranding da marca de cápsulas Delta Q. o presidente executivo do grupo Nabeiro explicou que “estamos a trabalhar neste rebranding há quatro anos. São 15 anos a utilizar o mesmo logotipo e a mesma identidade. Este foi o momento porque um dos lados que a marca precisa de ir buscar é este da inovação”. Rui Miguel Nabeiro afirmou que “este logo é muito mais inovador e revolucionário. No momento, em que, lançamos a máquina mais revolucionária do mercado do café expresso este era o momento para lançar uma identidade mais inovadora”.
Sobre a nova máquina de café expresso, que contempla um sistema de extração de café invertido, o gestor salientou que, para já, estão no mercado cinco mil unidades. Durante o próximo ano, “dependendo da tendência e da capacidade que tenhamos de sourcing do produto vamos poder alargar aos mercados internacionais. Vai estar apenas disponível para Portugal até ao final do ano. Depois começaremos a lançar em todos os mercados internacionais onde estamos presentes hoje”, rematou.
O grupo é responsável por 3800 postos de trabalho, um número que tem vindo a crescer, apesar da conjuntura complexa destacou a mesma fonte.