O grupo ETE apresentou o novo navio “Dona Tututa” que irá reforçar a capacidade do transporte marítimo interilhas em Cabo Verde. A expetativa é que a embarcação, que sofreu um processo de transformação nos estaleiros do grupo português, entre em operação até ao final de junho.
O “Dona Tututa”, detido pela CV Interilhas, irá integrar a rota S. Vicente/S. Nicolau/Boavista. O navio, o primeiro com contentores frigoríficos, terá a missão de reforçar e melhorar a exportação de produtos frescos para as ilhas turísticas do Sal e Boavista.
Durante a apresentação do navio, que decorreu no concelho do Seixal, o ministro do Mar de Cabo Verde, Paulo Lima Veiga, admitiu que a embarcação “vai melhorar significativamente uma das grandes reclamações que tem a ver com o transporte de produtos frescos e de movimentação da economia”. Com a introdução dos contentores frigoríficos, nas palavras do ministro cabo-verdiano, será possível resolver o problema de desenvolvimento da ilha agrícola de São Nicolau que poderá assim escoar os produtos com maior facilidade, em termos logísticos.
Ainda em declarações aos jornalistas, Paulo Veiga explicou que, até agora, os agricultores “esperam que haja navio para fazer a colheita, o que cria vários problemas. Se se atrasar a colheita, atrasa o navio ou o navio deixa a colheita e esta fica estragada”.
Estado pagará indemnização compensatória
Questionado pela FORBES sobre o montante a pagar à concessionária, por este serviço que ainda não é rentável, o governante admitiu que “no Orçamento de Estado prevemos cerca de 350 mil contos para as indemnizações compensatórias”.
Paulo Lima Veiga detalhou que a empresa opera durante um ano, depois as contas serão certificadas e validadas por uma comissão que foi criada. E depois o défice é compensado pelo Estado. E lembrou que “o estudo de viabilidade prevê que no máximo em sete anos os transportes interilhas passem a ser sustentáveis”. De acordo com a mesma fonte, se não fosse a pandemia “acredito que poderia ter sido mais rápido. Vamos rever os estudos e o impacto da pandemia nesse processo e rever as previsões”.
O “Dona Tututa” tem 69 metros de cumprimento, capacidade para transportar 220 passageiros e cerca de 50 viaturas e poderá navegar por períodos seguidos de 24 horas.
O administrador do grupo ETE, Luís Figueiredo, sublinhou que “este projeto é para nós mais um passo no reforço do nosso contributo para as dinâmicas de cooperação estratégica entre Portugal e Cabo Verde através de um investimento sustentado”. Enquanto o vice-presidente do grupo ETE, Jorge Maurício, destacou que “é um navio robusto que traz mais capacidade, conforto e segurança, reforçando aquela que tem sido a missão e compromisso do grupo ETE e da CV Interilhas, em construir um sistema de transporte marítimo interilhas sólido, com navios seguros e fiáveis, proporcionando a cada vez mais notória, coesão territorial”.
O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, também presente na cerimónia manifestou o orgulho no grupo português que considerou um dos exemplos de empresas portuguesas de sucesso. O governante português destacou ainda as boas relações entre os dois países.
O nome da embarcação homenageia a pianista e compositora cabo-verdiana Tututa Évora, nascida no Mindelo, ilha de São Vicente, e que viveu na ilha do Sal, onde fez carreira combinando a sua formação em música clássica com a música cabo-verdiana.