A nova primeira-ministra britânica, Liz Truss, apresentou a equipa que a vai acompanhar no governo do Reino Unido, onde a preocupação pela diversidade e inclusão não foi sido esquecida. Entre as várias mudanças face ao antecessor, Boris Johnson, destaca-se o facto de ser o primeiro gabinete de um governo britânico, em que algumas das posições cimeiras serão ocupadas por negros.
Pela primeira vez na história, o Reino Unido terá um responsável do Tesouro negro, sendo que o cargo é ocupado pelo filho de imigrantes ganeses, Kwasi Kwarteng, de 47 anos. Formado em literatura clássica e história por Cambridge, o novo titular do Ministério das Finanças do governo do Partido Conservador estudou também em Harvard e tem um PhD em História Económica. Antes de entrar na política, trabalhou como colunista do jornal Daily Telegraph e foi analista financeiro em instituições da City londrina, como o banco JP Morgan. Foi eleito pelo Partido Conservador em 2010 em representação do distrito eleitoral de Spelthorne. Depois de ter integrado vários comités da Câmara e ter servido como secretário em pastas do governo conservador de 2015 a 2017, Kwarteng ascendeu a cargos ministeriais, como a Secretaria de Estado para a saída da União Europeia (2018-2019), durante o governo Theresa May, o Ministério para a Energia, Crescimento Limpo e Mudanças Climáticas (2019-2021) e a Secretaria de Estado para Negócios, Energia e Estratégia Industrial (2021-2022), já na administração Boris Johnson.
Kwasi Kwarteng é visto como um adepto da ala direita do partido e defensor de políticas liberais na economia, em sintonia com a primeira-ministra, de quem é amigo.
O cargo de secretário das Relações Exteriores cabe a James Cleverley, de 53 anos, reservista do exército com patente de tenente-coronel, e é o primeiro membro do executivo britânico a chefiar a diplomacia não branco. O governante, nascido no sul de Londres, é filho de pai britânico e mãe da Serra Leoa e é licenciado em Administração pela University of West London. Antes de entrar na política, James Cleverley fez carreira na edição de revistas e de publicações online para ajudar empreendedores e pequenas empresas.
O governante terá a seu cargo vários desafios no que toca à política externa britânica como uma eventual resposta unificada da Europa à invasão russa da Ucrânia, a continuação da escalada dos preços da energia e as tensões com a União Europeia após o Brexit.
Suella Braverman, de 42 anos, que tem a seu cargo a Pasta do Interior, é filha de pais de origem indiana que emigraram para a Grã-Bretanha na década de 1960 vindos de África. O pai era um queniano com ascendência em Goa, enquanto a mãe tem raízes nas ilhas Maurícias. Desde 2021 tinha a função de procuradora-geral, mas trabalhou como advogada vários anos antes de se tornar deputada em 2015. Suella Braverman é conhecida pelas posições ultraconservadoras, estudou direito na Universidade de Cambridge, onde presidiu a Associação Conservadora, e fez um mestrado na Sorbonne, em Paris. Entre os dossiers que terá em mãos enquanto ministra do Interior será o polémico projeto de expulsar para o Ruanda migrantes e detentores de asilo que chegaram ilegalmente ao Reino Unido. A governante é a segunda mulher de origem indiana a comandar este Ministério, sucedendo a Priti Patel, que ocupou o cargo no governo de Boris Johnson.
A primeira-ministra Liz Truss manteve Alok Sharma, de 55 anos, no cargo de presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP26, o que lhe garante a continuidade à frente das negociações climáticas das Nações Unidas na próxima COP27, que decorre já em novembro no Egito.
Nascido na cidade indiana de Agra, o deputado conservador de Reading West, no sul da Inglaterra, já ocupou vários cargos ministeriais no Reino Unido, por exemplo nos departamentos de Negócios, Comércio, Habitação e Emprego desde que foi eleito para o Parlamento em 2010. Na última COP26 em Glasgow, Escócia, foi muito elogiado pelas opiniões em defesa da transição energética para fontes de energia mais sustentáveis e verdes.
O governo de Liz Truss dá ainda lugar de destaque a uma mulher num dos cargos mais importantes e que sempre foi ocupado por homens. Pela primeira vez o Reino Unido terá uma vice-primeira-ministra mulher, Therese Coffrey, conhecida por ser uma fiel aliada da nova Primeira-ministra. Até agora ministra do Trabalho e Pensões do gabinete de Boris Johnson, a governante, de 50 anos, fica também com a Pasta da Saúde.
Deputada desde 2010, após várias tentativas fracassadas de concorrer a cargos políticos, Therese Coffey foi eleita para Suffolk Coastal, tornando-se a primeira parlamentar feminina do distrito eleitoral. Nasceu no Lancashire, mas cresceu em Liverpool e tem o doutoramento em química pela University College London.