Os governadores dos bancos centrais europeu, inglês, japonês e o presidente da Fed, dos EUA, alertaram hoje para a persistência da inflação, dando indicação de potenciais novas subidas de juro, e recusaram alterar as metas que pretendem atingir.
Num debate hoje em Sintra, no Fórum do Banco Central Europeu (BCE), Andrew Bailey, governador do Banco de Inglaterra, Christine Lagarde, presidente do BCE, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal (Fed) e Kazuo Ueda, governador do Banco do Japão foram cautelosos nos prognósticos quanto ao fim deste ciclo de inflação elevada.
Jerome Powell atirou para 2025 a estimativa de atingir a meta de 2% da inflação ‘core’ (subjacente) que tem orientado a política monetária americana. Para o presidente da Fed, as estimativas da inflação apontam para que leve ainda algum tempo a chegar à estabilidade de preços que a Fed deseja.
“Se olharmos para as estimativas da inflação temos dito consistentemente que vai levar muito tempo” a descer para níveis desejados, defendeu.
“A inflação mostrou-se mais persistente e não menos”, disse o líder da Fed, acrescentando que a política mais restritiva, com aumentos consecutivos nas taxas de juro, ainda não esteve no terreno “tempo suficiente”.
Christine Lagarde reafirmou que o BCE “provavelmente volta a aumentar” taxas de juro em julho, referindo que a decisão é tomada em cada reunião de acordo com os dados a que tem acesso.
Por sua vez Andrew Bailey disse que entendia porque é que “há críticos dos bancos centrais”, mas referiu que havia “um trabalho a fazer que é baixar a inflação para a meta”.
Kazuo Ueda, por sua vez, apontou a manutenção da política monetária no Japão, onde a inflação também tem crescido, mas salientou a incerteza das previsões, sobretudo para 2024.
Questionados sobre a possibilidade de alterar a meta, de 2%, a que se propuseram para a inflação, os governadores rejeitaram alterar a estratégia.
“Tendo em conta a luta que levamos a cabo contra a inflação” não “há nenhuma forma de mudarmos as metas da inflação”, disse Christine Lagarde. “Temos de ser tão persistentes como a inflação e ser resolutos e determinados em atingir a meta, e não debater a meta”, destacou a presidente do BCE.
O governador do Banco de Inglaterra reforçou a mensagem, destacando que “a meta é a definição e a prática de estabilidade de preços”.
Acerca dos mercados, os governadores indicaram que estavam focados na questão de forma mais geral, sem ceder a pressões. “Não estamos focados apenas num mercado”, disse Jerome Powell, indicando que a Fed olha para as “condições mais vastas do mercado”.
Lagarde disse que o BCE não esquecia os mercados, mas usava vários critérios para decidir o rumo da política monetária.
Os governadores acreditam que os bancos sob a sua supervisão estão sólidos, apesar dos problemas em instituições regionais nos EUA que marcaram este ano. Jerome Powell reconheceu, no entanto, que é preciso “aprender lições”.
Quanto à relação entre as medidas dos bancos centrais e a política orçamental, a presidente do BCE apelou a que fossem reduzidos os apoios da pandemia e por causa dos preços da energia para ser adotado “um caminho de maior sustentabilidade das finanças públicas”.
Lusa