A GE Healthcare, empresa que gera um volume de negócios anual na ordem dos 16 mil milhões de euros, anunciou recentemente o seu spin off do grupo GE, um conglomerado mundial com várias áreas de atividade económica, e a sua consequente negociação, como empresa independente no NASDAQ.
Rui Costa, diretor geral da filial portuguesa, explica que esta independência traz, em primeiro lugar, a autonomia necessária para reinvestir os resultados no próprio negócio da saúde, o que impulsionará o crescimento da companhia, não só no mundo, como em Portugal.
“Num conglomerado, os resultados da empresa eram canalizados para áreas distintas, agora vão ser mais dedicados à área de saúde, o que significa que tem implicação nas verbas destinadas à Investigação e Desenvolvimento (I&)”, explica.
A empresa investe cerca de 18% das suas receitas em I&D e esta percentagem deverá aumentar nos próximos anos. Ora, esta aposta tem impacto no volume de inovação que a mesma terá capacidade de trazer ao mercado, com o respetivo aumento de novos produtos disponíveis, melhorando a sua abrangência no mercado.
Em Portugal, a GE Healhtcare está dedicada às áreas de diagnóstico por imagem, ecografias e cuidados críticos hospitalares, com a venda de equipamentos de imagiologia dura, equipamentos de suporte de vida, como ventiladores, monitores de sinais vitais, estações de anestesia, incubadoras para recém-nascidos, entre outros. Atua num mercado nacional que vale cerca de 95 milhões de euros em receitas, mas tem objetivos claros para aumentar a sua fatia do negócio.
Para que o crescimento do negócio em Portugal seja possível, este responsável adianta que é preciso também que o sistema público de saúde faça mais investimentos.
Atualmente, fatura em Portugal cerca de 27 milhões de euros na venda destes equipamentos, sendo que tem outra área importante de receitas, a da assistência técnica e de formação e que, no acumulado lhe confere um total de 40 milhões de euros, valor alcançado no exercício de 2022.
Porém, a empresa pretende crescer, sobretudo na venda de equipamentos, na ordem dos 10% ao ano nos próximos três anos, atingindo uma quota de mercado a rondar os 33%. Para isto vai contribuir o aumento da inovação, sobretudo suportada em Inteligência Artificial (AI), que irá permitir o surgimento de equipamentos cada vez mais eficientes e eficazes.
“A AI traz mudanças enormes. Os equipamentos detetam a melhor zona do paciente para fazer a aquisição de imagens com alta qualidade e de forma automática e isto reduz, por exemplo, a necessidade de rechamada. Ou seja, a velocidade, a qualidade e o conforto melhoraram muito”, explica Rui Costa. Por outro lado, acrescenta, a AI também auxilia muito o diagnóstico, porque recorre ao big data para recolher algoritmos que permitem identificar lesões, que a olho nu dificilmente são identificadas.
“O olho deteta cerca de 20 tonalidades de cinzento, a máquina deteta mais de 200, o que significa que a própria máquina consegue dar a indicação de que determinada zona pode ter uma lesão”, explica, dizendo ainda que a oncologia é o grande vetor de crescimento.
Para que o crescimento do negócio em Portugal seja possível, este responsável adianta que é preciso também que o sistema público de saúde faça mais investimentos. A GE Healthcare tem uma quota mais elevado no sistema hospitalar privado, mas acredita que possa vir a centrar mais a sua atuação no sistema publico. “O grau de obsolescência no SNS na imagiologia pesada é muito elevado e não temos dúvida que o setor vai ter de investir nesta área”, afirma.