Os conflitos de insurgentes que assolam a região de Cabo Delgado, em Moçambique voltam a ter impacto negativo no setor petrolífero no país. Desta feita, foi a vez da Galp Energia assumir que não vai investir em centrais onshore em território moçambicano até que as autoridades garantam a segurança e estabilidade social. Esta convicção foi avançada pelo presidente e diretor executivo da petrolífera portuguesa, Andy Brown, à agência Reuters.
A empresa portuguesa detém uma participação de 10% no consórcio de exploração de gás natural da Área 4, na bacia do Rovuma, ao largo da costa de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, liderado pela petrolífera italiana ENI e pela norte-americana ExxonMobil.
Os conflitos na região de Cabo Delgado voltam assim a travar os desenvolvimentos do polo de gás natural liquefeito nos próximos anos, sendo que a francesa Total também já tinha colocado as suas atividades em standby devido a ausência de segurança.
Andy Brown lembrou que “no ano passado, estávamos realmente a planear construir o Rovuma até 2025. Mas agora não quero fazer uma promessa sobre o Rovuma e dececionar o mercado novamente”. O gestor sublinhou que “isso significa que, no momento, é muito difícil prever quando será o momento de investir”, sendo certo que os planos de despesas de capital para os próximos cinco anos não incluem investimentos nas instalações terrestres do Rovuma.
Por seu turno, o porta-voz da Exxon Mobil, Todd Spitler, admitiu que o consórcio vai “continuar a monitorizar os desenvolvimentos de segurança na região”. Todd Spitler garantiu ainda que a empresa está a trabalhar com o Governo moçambicano “para permitir o desenvolvimento desse recurso de classe mundial”.
O presidente e diretor executivo da petrolífera portuguesa detalhou que, nos próximos cinco anos, o Brasil vai absorver “a grande maioria” dos 320 milhões a 400 milhões de euros de capex líquido que está destinado para upstream, sendo que haverá “algum investimento na flutuação de GNL em Moçambique e alguns pequenos investimentos em Angola”. O presidente e diretor executivo da Galp frisou que quando a Total “retomar o trabalho de forma confiável, estaremos em posição de considerar o nosso próprio projeto”. Ainda assim, Andy Brown considerou Moçambique “um país muito importante para a Galp”, e destacou que o consórcio está “a trabalhar para que os custos fiquem a um nível, em que, o projeto seja realmente competitivo”.