Em França, já há um novo nome para ocupar o cargo de Primeiro-Ministro. Trata-se do até aqui ministro da Educação, Gabriel Attal, 34 anos (35 anos em 16 de março).
Attal era, de resto, já apontado como favorito à sucessão de Élisabeth Borne depois da Primeira-Ministra ter apresentado esta segunda-feira a demissão do seu Governo, pedido aceite pelo Presidente da República, Emmanuel Macron. O pedido de demissão, aliás, veio na sequência de o Presidente ter manifestado vontade de mudar de chefe de Executivo.
Nos 20 meses que passou na chefia do Executivo, Borne levou a cabo a impopular revisão da lei das pensões (que aumentou a idade de aposentação) e a muito polémica lei da imigração.
Élisabeth Borne, 62 anos, foi a segunda mulher no cargo de chefe do Executivo na história da República Francesa. Ultrapassou em muito o mandato (10 meses e 18 dias) de Édith Cresson, nomeada em maio de 1991, pelo então Presidente, François Mitterrand.
Aos 34 anos, Attal vai tornar-se o mais jovem primeiro-ministro da V República (que começou em 1958), batendo o recorde do socialista Laurent Fabius, nomeado aos 37 anos, em 1984.
Perfil
Eleito deputado por Hauts-de-Seine em 2017, entrou no governo um ano depois, em outubro de 2018, como Secretário de Estado do Ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer. Aos 29 anos, era o membro mais jovem de um governo, à frente do ex-ministro François Baroin.
Em julho de 2020, tornou-se porta-voz do governo de Jean Castex, recém-nomeado para Matignon para substituir Édouard Philippe. Em maio de 2022, graças à reeleição de Emmanuel Macron para o Eliseu, ganhou terreno ao tornar-se Ministro Delegado responsável pelas Contas Públicas no primeiro governo de Élisabeth Borne.
Um ano depois, Attal deixou Bercy para ocupar o seu primeiro cargo como ministro em tempo integral no ministério da educação, onde substituiu Pap Ndiaye. Rapidamente, Attal começa a dar nas vistas, devido a assuntos delicados. Combate o bullying escolar de frente e, no início do ano letivo, anunciou a proibição do uso da abaya islâmica, vestimenta típica muçulmana, nas escolas de ensino fundamental e médio.
Apesar da polémica que se abre sobretudo na esquerda e na comunidade islâmica, a medida é popular junto da opinião pública. E o jovem ministro constrói uma imagem de autoridade, fazendo-se passar por defensor do secularismo.
No plano político, Gabriel Attal vem da esquerda (do Partido Socialista), embora tenha vindo a fazer uma viragem à direita ultimamente. O seu nome tem surgido nas sondagens com percentagens favoráveis para a corrida presidencial que terá lugar dentro de três anos.