A Abreu Advogados, em parceria com o Transactional Track Record (TTR), apresentou o relatório “Portugal M&A: Moving Forward After COVID-19”, que analisa a evolução do mercado de fusões e aquisições (M&A na sigla inglesa, de “Mergers and Acquisitions”) em Portugal durante os primeiros doze meses de pandemia no país.
A análise foi feita através da leitura de indicadores como o número e valor de transações realizadas nos setores mais ativos da economia portuguesa, como energia, tecnologia e telecomunicações, imobiliário e financeiro e seguros. Os dados do relatório têm como principal foco o período entre abril de 2020 e março de 2021.
O documento revela uma evolução contrária entre o número de transações e o seu valor. Ou seja, ao longo do período em análise e quando comparado com o ano de 2019, registou-se um aumento de 15% no valor das transações efetuadas, enquanto o número de transações caiu 21%.
Na perspetiva dos autores do estudo, “estes resultados refletem a resiliência e capacidade de adaptação de setores como Tecnologia e Telecomunicações, que registou um aumento de 40% no valor de transações durante o primeiro ano de pandemia, e farmacêutico, em que se registou um aumento de 662% no mesmo indicador e no mesmo período”.
Impacto no setor imobiliário
O valor total de transações de M&A no setor de Imobiliário e Construção diminuiu 20% no primeiro ano de pandemia, atingindo os 2,8 mil milhões de euros, de acordo com esta análise. “No entanto, há a destacar a adaptação deste setor e a reorientação da estratégia de muitos investidores para edifícios energeticamente sustentáveis”, salienta a Abreu Advogados e a TTR.
“Necessitadas de adaptar os seus modelos de negócio devido a uma menor utilização de espaço, as empresas forçaram a criação de regimes jurídicos e contratuais inovadores que permitissem, por exemplo, a instalação de sistemas de produção de energia sustentável nos edifícios. O setor imobiliário percebeu que uma visão transetorial é fundamental para manter a sua condição de setor altamente atrativo”, enquadra o relatório.
Os autores do estudo assinalam que no fim do terceiro trimestre de 2021, se regista um percurso inverso ao verificado durante o primeiro ano de pandemia: aumento do número de transações (24,02%) e diminuição do valor das transações efetuadas (39,2%).
Origem do investimento estrangeiro
A origem do investimento estrangeiro no mercado de M&A em Portugal apresentou evoluções distintas. Espanha e EUA, que continuam a ser os países mais ativos no número de operações em Portugal, registaram, entre março de 2020 e abril de 2021, uma diminuição de 27% e de 54%, respetivamente.
O pódio é completado pelo Reino Unido, que viu o seu número de transações em Portugal aumentar 10% durante o primeiro ano de pandemia em relação a 2019.
França foi o país que mais aumentou a sua participação no mercado de fusões e aquisições no nosso país durante a pandemia, com um aumento de 63% no número de operações.