De acordo com o estudo Corruption & Fraud Survey Portugal 2022 da Deloitte, 21% dos inquiridos no estudo revela ter identificado eventos de fraude ou conduta imprópria nos últimos dois anos na sua empresa, afirmando que o desvio de fundos e apropriação indevida de ativos são as principais tipologias de eventos ocorridos (26%).
Desvio de fundos ou apropriação indevida de ativos (26%) é a principal tipologia de eventos ocorridos
A lista prossegue com os crimes cibernéticos e fraudes tecnológicas (22%), deturpação de informações financeira (15%), fraudes em processos de procurement (9%), suborno e corrupção (9%) no topo da lista de principais tipologias de eventos ocorridos.
O Corruption & Fraud Survey Portugal 2022 é um estudo anual da Deloitte que procura aferir a perceção dos líderes organizacionais sobre os temas de corrupção e fraude nas empresas em Portugal, tipificando o entendimento e tendências do mercado empresarial nestas matérias.
A edição deste ano teve o contributo de 190 empresários e gestores em Portugal, pertencentes a PME e grandes empresas de diversos setores de atividade.
O estudo revela que 53% dos inquiridos não conseguiu quantificar ou não tem dados para responder, quando questionados sobre a percentagem de receita total perdida pela sua empresa, no último ano, como resultado de eventos de fraude e corrupção.
O estudo demonstra, igualmente, que uma parte significativa das empresas inquiridas (44%) considera que o número de ocorrências de fraude no panorama empresarial aumentou em Portugal (com 33% dos inquiridos a considerar a existência de um aumento ligeiro e 11% de um aumento significativo).
O estudo identifica ainda que 33% dos inquiridos afirma não ter uma estrutura interna devidamente definida para a prevenção da corrupção e de infrações conexas, “aspeto relevante considerando a entrada em vigor em junho de 2022 do Regime Geral da Prevenção da Corrupção”, faz notar a Deloitte.
44% dos inquiridos considera que o número de ocorrências de fraude no panorama empresarial aumentou em Portugal no último ano.
Segundo esta análise, “as principais barreiras para uma correta avaliação do risco de corrupção são a existência de outras prioridades dos órgãos responsáveis em matérias de compliance (33% dos inquiridos) e a subvalorização pela administração da necessidade de avaliação recorrente de risco de corrupção (27% dos inquiridos)”, aponta a Deloitte.
Ainda no contexto da regulamentação anticorrupção que entrou recentemente em vigor, o estudo apura que 31% dos inquiridos admite que o principal desafio para o funcionamento eficaz de um canal de whistleblowing prende-se com a relutância em denunciar devido ao medo de repercussões.
25% dos inquiridos considera a liderança pelo exemplo como o fator mais relevante para uma organização demonstrar ativamente o compromisso com uma abordagem de não tolerância à corrupção e infrações conexas.
Das empresas inquiridas, a liderança pelo exemplo (25%) e procedimentos recorrentes de auditoria interna e externa em matérias de corrupção e infrações conexas (23%) são considerados como sendo os mecanismos em que a liderança da organização pode demonstrar ativamente o compromisso com uma abordagem de não tolerância à corrupção e infrações conexas.
De acordo com Paulo Fernandes, Partner da Deloitte, “o combate à fraude e corrupção terá que ser sempre um esforço contínuo”.
“Esperamos que o estudo seja benéfico para as organizações portuguesas e contribua para aprofundar o conhecimento sobre os riscos e os mecanismos de mitigação, prevenção e remediação de práticas de fraude e corrupção”, declara Paulo Fernandes, Partner da Deloitte.
Relativamente à utilização de tecnologia para a deteção de eventos de fraude, 48% dos inquiridos afirma não dispor de qualquer ferramenta tecnológica para o efeito. Entre os que afirmam dispor destas ferramentas, o uso de ferramentas para background checks (25%) e de ferramentas de analytics especializadas para a deteção de fraude (19%) são identificadas como sendo as ferramentas mais comuns. Verifica-se ainda que apenas 8% deste grupo de inquiridos dispõe de ferramentas como machine learning direcionado para a deteção de padrões de fraude e 4% de procedimentos especializados em eDiscovery.
Os principais desafios associados à tecnologia em matérias de prevenção de fraude identificados pelos inquiridos são a necessidade de alteração e integração dos sistemas internos existentes (32%) e os desafios culturais e resistência às utilizações destas tecnologias (23%).
O estudo da Deloitte identifica, ainda, como principais riscos de corrupção e infrações conexas enfrentados pelas empresas inquiridas os conflitos de interesses não divulgados (36%), o recebimento indevido de vantagem e/ou ofertas (19%) e o abuso de poder (14%).
Em matérias de políticas de integridade, os inquiridos identificam a implementação/melhoria de avaliações de risco de corrupção (32%) como sendo a principal área de foco da sua empresa no futuro.