O economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) que coordenou o relatório sobre a África subsaariana assinalou que o panorama económico da região melhorou, com dois terços dos países a crescer mais rápido, mas enfrenta desafios significativos.
“Há vários sinais encorajadores, como a recuperação do crescimento de 3,4% no ano passado para 3,8% este ano, e vemos um crescimento mais rápido em dois terços dos países da região”, disse em entrevista à Lusa Thiebault Lemaire, no dia em que é apresentado o relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais para a África subsaariana.
O economista salientou que “os desequilíbrios estão a melhorar”, lembrando a descida da inflação média, de 10% em 2022 para 6% até fevereiro deste ano, a redução do défice orçamental médio para 3,7% no ano passado e a estabilização do rácio da dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB) nos 60%.
E “é bom reconhecer que ainda há desafios significativos, como a redução dos financiamentos externos e o aumento do custo do serviço da dívida, cujos reembolsos neste e no próximo ano serão importantes, na ordem dos 5,9 mil milhões de dólares [5,5 mil milhões de euros] e 6,2 mil milhões de dólares [5,8 mil milhões de euros] em 2025″, apontou o economista.
Para além da questão da dívida pública, Lemaire mostrou-se preocupado com a evolução do rendimento ‘per capita’, ou seja, a divisão da riqueza de um país pelos seus cidadãos.
“O crescimento do rendimento ‘per capita’ abrandou desde 2014, e desde 2000 menos do que duplicou, quando no resto dos países em desenvolvimento mais do que triplicou no mesmo período”, referiu, acrescentando que a região enfrentou uma “cascata de choques”, desde a pandemia de covid-19 até às consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia e o alastramento da instabilidade.
“A instabilidade política é uma preocupação. Cada ano desta década observámos mais golpes que nas décadas anteriores, e este ano há 18 eleições previstas, com alto nível de incerteza”, alertou, lembrando ainda que as alterações climáticas são uma questão transversal a toda a região.
Mário Batista/Lusa