Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal, defende que para a atração e retenção de talento por parte das empresas portuguesas é fundamental que as políticas públicas criem condições fiscais para que o salário a entregar aos funcionários seja “percetível como um atrativo” e encarado “como uma compensação equitativa para os colaboradores”.
Ana Figueiredo, que está há pouco mais de um ano à frente da Altice Portugal, defendeu a ideia à Lusa no final de um debate organizado pela agência noticiosa, em parceria com a COTEC Portugal, que decorreu na sede da agência de notícias em Lisboa, subordinado ao tema atrair e reter melhores talentos.
“Discutimos aqui algumas ideias, algumas ferramentas que possam ser feitas nessa matéria para, no fundo, criar maior competitividade fiscal, para as empresas poderem obviamente pagar melhores salários e para que esse melhor salário também seja traduzido numa melhoria da riqueza para os portugueses”, destacou a gestora.
“É importante que o tecido empresarial aposte numa cultura de inovação, é a cultura de inovação numa empresa que vai permitir que essa empresa construa vantagens competitivas, permaneça competitiva, possa crescer e até internacionalizar-se a partir de Portugal”, salientou à Lusa.
Para Ana Figueiredo, o país tem de trabalhar “para a retenção desse talento”, traduzindo-se isso na “atribuição e disponibilização de políticas salariais que sejam competitivas, não só com mais empresas portuguesas”, mas com as internacionais, porque a concorrência é global para essa atração de talento, completou.
“Contaminação positiva”
Na perspetiva da CEO da Altice, “as grandes empresas têm feito um papel fundamental, porque quando comparamos o salário médio de uma grande empresa” com o restante tecido empresarial, “pagamos cerca de 2 a 2,5 vezes acima daquilo que é a média. E isso leva depois à contaminação positiva pelo resto do tecido empresarial”, apontou à agência Lusa.
“O ciclo de decisão, seja de atores políticos, seja também do sistema judicial, não é muitas vezes compaginável com o nosso ciclo de investimento e com a nossa pressa no investimento e na tomada de decisão que temos que ter”, afirma.
Por isso, a “componente regulatória, fiscal” e “também do seu sistema judicial” são fundamentais para convencer o acionista a investir mais em Portugal, em vez de outros países, e garantir-lhe o retorno do investimento.
* com agência Lusa