As dificuldades financeiras em Angola levaram um grupo de jovens a arregaçar as mangas, em 2019, e montar um negócio que pretende descomplicar o acesso ao crédito por parte dos consumidores.
Como? Permitindo que os angolanos possa pagar os mais variados bens de consumo em prestações, num mínimo de três e num máximo de seis parcelas. O crédito fica mais acessível, já que tudo é feito através de uma plataforma online.
A Paga3 é, assim, uma jovem fintech vocacionada para o consumidor particular que começa já a despertar o interesse das grandes instituições financeiras de Angola, tendo merecido também a nossa atenção na recente cimeira tecnológica Web Summit, em Lisboa.
Em conversa com a FORBES, Garcia Monteiro Paulino, CEO da Paga3, explicou que a lógica da plataforma é possibilitar a aquisição de bens de consumo ou mesmo o pagamento de serviços a um vasto número de trabalhadores, cujos salários mensais regulares acabam, por vezes, por se revelarem curtos para chegar aos mais variados produtos, desde um computador ou um eletrodoméstico, a remodelação dos móveis da casa ou a compra de peças de vestuário, ou mesmo para usufruir de estadias em hotéis.
Entrega do produto imediata
A entrega ao consumidor do produto pretendido é imediata e o pagamento é faseado entre três a seis vezes. “Após descarregar a App e preenchidos os campos necessários, em 48 horas, a pessoa tem validada a sua conta, podendo, a partir daí, fazer as suas comprar. Após a primeira prestação paga, a pessoa pode levar o produto ou serviço de imediato”, afirma o responsável desta fintech.
O foco da Paga3 é, por um lado, acelerar as vendas dos seus parceiros de negócio, estimulando, assim, a fluidez da economia, e, por outro lado, suavizar a despesa dos clientes finais. “Somos uma opção confortável na forma de se fazer negócios em Angola”, é o mote da empresa.
Incubação pelo LISPA e vencedora do UNITEL Go Challenge
Criada em 2019 por jovens angolanos, esta fintech está já, de resto, a dar nas vistas. Em outubro de 2019 participou num programa de incubação promovido pelo Banco Nacional de Angola (BNA), através do seu Laboratório de Inovação do Sistema de Pagamentos de Angola (LISPA).
E dois anos depois esta startup foi a grande vencedora da 2ª edição do concurso UNITEL GO Challenge 2021, uma competição aberta a todos os empreendedores e desenvolvedores de Angola, sobressaindo em relação aos restantes nove finalistas de uma iniciativa que motivou a avaliação de 230 projetos.
A vinda da Paga3 à Web Summit, em Lisboa, teve como propósito olhar para outros exemplos e mercados, tendo em vista o aperfeiçoamento do modelo de negócio.
Embora sem adiantar o nome das instituições financeiras em questão, Garcia Monteiro Paulino afirma que a Paga3 fechou parcerias com três bancos angolanos e com uma seguradora angola, prevendo que a oficialização destes acordos possa ser efetivada e tornada pública no primeiro trimestre de 2022.
Com uma equipa composta atualmente por onze pessoas, a Paga3 pretende agora obter um investimento na ordem dos 300 mil dólares para despesas operacionais e melhoria dos servidores.
Garcia Monteiro Paulino refere que a estratégia da expansão da empresa passa também por chegar a outros países africanos. Também a eventual vinda para o mercado português não está afastada, ainda que esse cenário seja apenas encarado a médio-prazo.