Filme “Aniki-Bobó” de Manoel de Oliveira volta às salas depois de percurso por festivais

O filme “Aniki-Bobó” (1942), primeira longa-metragem do realizador Manoel de Oliveira, volta esta quinta-feira aos cinemas, numa versão restaurada, depois de ter passado, no verão, por vários festivais. De acordo com a distribuidora Nitrato Filmes, “Aniki-Bobó” vai estar em sala no Porto (Cinema Trindade), em Coimbra (Casa do Cinema) e em Lisboa (Nimas e Cinema…
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 O filme “Aniki-Bobó” (1942), primeira longa-metragem do realizador Manoel de Oliveira, volta esta quinta-feira aos cinemas, numa versão restaurada, depois de ter passado, no verão, por vários festivais.
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O filme “Aniki-Bobó” (1942), primeira longa-metragem do realizador Manoel de Oliveira, volta esta quinta-feira aos cinemas, numa versão restaurada, depois de ter passado, no verão, por vários festivais.

De acordo com a distribuidora Nitrato Filmes, “Aniki-Bobó” vai estar em sala no Porto (Cinema Trindade), em Coimbra (Casa do Cinema) e em Lisboa (Nimas e Cinema Ideal), estando em aberto a adição de mais salas.

“Aniki-Bobó”, estreado em 18 de dezembro de 1942, é hoje considerado um clássico do cinema português, tendo sido alvo de um novo restauro pela Cinemateca Portuguesa, que originou uma série de novas exibições por festivais internacionais.

Em agosto foi mostrado no Festival de Cinema de Veneza (Itália), num programa dedicado a “obras-primas restauradas”, seguindo-se os festivais de Toronto (Canadá), San Sebastián (Espanha) e Mostra de São Paulo (Brasil).

Produzido por António Lopes Ribeiro, “Aniki-Bobó” é inspirado no conto “Meninos milionários”, de Rodrigues de Freitas, e foi rodado na zona ribeirinha do Porto com crianças: Fernanda Matos (Teresinha), Horácio Silva (Carlitos) e António Santos (Eduardinho).

O universo infantil retratado em “Aniki-Bobó” “é uma reprodução do mundo real dos homens tal como o conhecemos, reduzido, no entanto, à sua mais funda e descarnada estrutura: Bem e Mal, justiça e injustiça, esperança e medo, felicidade e infelicidade, desejo e morte, amor e ódio”, escreveu Manuel António Pina, num livro-ensaio sobre o filme, publicado em 2012.

No mesmo livro, Manuel António Pina recorda que “Aniki-Bobó” foi considerado imoral e subversivo, apupado na estreia em Lisboa, e que, por causa dele, o realizador teve de esperar quase vinte anos para voltar a fazer cinema.

“O seu nome foi riscado pelo bom gosto oficial do regime salazarista e todos os projetos, e foram muitos, que levou ao Fundo do Cinema lhe foram sucessivamente recusados”, escreve.

Manoel de Oliveira nasceu no Porto em 1908 e viveu mais de um século acompanhando a própria história do cinema. Em 2004, então com 95 anos, recebeu o Leão de Ouro de carreira no Festival de Cinema de Veneza.

“Douro, Faina Fluvial”, uma curta-metragem documental sobre a vida nas margens do rio Douro, foi o primeiro filme que rodou, aos 23 anos, com uma câmara oferecida pelo pai. O último filme, “O Velho do Restelo” (2014), já foi filmado no jardim próximo de casa, no Porto.

Após a morte de Manoel de Oliveira, em 2015, foi tornado público a existência do filme “Visita ou memórias e confissões”, que o cineasta rodou em 1982, deixando expresso para ser mostrado publicamente só depois de morrer.

Este ano, cumprindo-se uma década desde a morte de Manoel de Oliveira, a Nitrato Filmes também fez nova estreia de outro filme do realizador, “Vale Abraão” (1993), igualmente numa versão integral e restaurada pela Cinemateca Portuguesa.

Lusa

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