A Ferrari, conceituado fabricante de automóveis de luxo acaba de apresentar os seus resultados relativos aos primeiros três meses deste ano, mas apesar de terem melhorado, o mercado recebeu a notícia com alguma frieza. Segundo a plataforma de investimento online XTB seguiu-se, a esta apresentação, um sell-off das ações, uma vez que algumas dúvidas ensombram os investidores. Será a empresa capaz de gerar números fortes no futuro, com novas reduções nas vendas ou será que Lewis Hamilton, que se juntará à equipa de Fórmula 1 em 2025, será suficiente para puxar a marca para cima? Os analistas questionam-se se Lewis Hamilton poderá catapultar ainda mais a marca, que não ganha um título na categoria de pilotos desde 2007, o que poderá mudar com a entrada de um dos mais bem-sucedidos pilotos do mundo. Irá o piloto gerar uma procura adicional pela marca e gerar um aumento das ações?
Segundo os analistas, o aumento das vendas foi gerado com poucas alterações nas entregas, relativamente ao ano passado, tendo ficado pelos 3.560 automóveis, quase o mesmo número do trimestre anterior homólogo.
Os resultados do primeiro trimestre foram bastante bons, mas geraram expectativas confusas: a Ferrari anunciou hoje receitas de 1,58 mil milhões de euros no trimestre, um aumento de 10,5% face ao trimestre anterior, sendo que o lucro por ação foi de 1,95 euros contra 1,85 euros no ano passado. No entanto, as estimativas para o final do ano são dececionantes, apontando para um lucro de 7,5 euros por ação, contra a expectativa de 7,7 euros. O mesmo aconteceu com as receitas anuais que deverão atingir um total de 6,4 mil milhões de euros, contra uma expectativa de 6,5 mil milhões de euros.
Segundo os analistas da XTB, ainda assim, o aumento das vendas foi gerado com poucas alterações nas entregas, relativamente ao ano passado, tendo ficado pelos 3.560 automóveis, quase o mesmo número do trimestre anterior homólogo. Foram sobretudo os mercados europeu e norte-americano que registaram um aumento das vendas, tendo a China e o restante mercado asiático – que representa, em conjunto, 10% das vendas totais -, registado quebras.
O líder no setor do luxo
Para os analistas, o aumento do desempenho financeiro mesmo com uma estagnação das entregas é resultado da força da marca e do respetivo aumento de preços, o que não interessa muito aos seus clientes que esperam anos pela entrega do seu carro de sonho. “A Ferrari entregará sempre menos um carro do que o mercado procura”, dizia Enzo Ferrari, fundador da empresa de automóveis desportivos.
Entre as marcas de automóveis mais reconhecidas, como a Lamborghini, a Maclaren ou a Porsche, a Ferrari é o fabricante que regista as maiores margens operacionais.
A empresa líder no setor do luxo tem um modelo de negócio único que lhe permite fixar os preços conforme entende. Um Ferrari médio custa quase quatro vezes mais do que um Porsche normal, o que significa que apenas os ricos podem chegar aos carros da marca. Entre as marcas de automóveis mais reconhecidas, como a Lamborghini, a Maclaren ou a Porsche, a Ferrari é o fabricante que regista as maiores margens operacionais. Ao limitar as vendas, a valorização dos veículos mantém-se em alta, sendo que continuam a valorizar-se no mercado de usados.
Ações em queda no dia de apresentação de resultados
Cotada na Bolsa de Valores de Milão e na Bolsa de Valores de Nova Iorque, as ações da marca de origem italiana já subiram 30% este ano. Porém, desde o anúncio dos resultados, hoje, que estão a cair cerca de 6%, com preços a rondar os 373 euros, o valor mais baixo desde 22 de fevereiro, data em que cotavam a cerca de 380 euros. Isto significa que a empresa está cara? Para os analistas da XTB, isso pode acontecer relativamente ao rácio preço/lucro, que é de 52,9 euros, enquanto o preço lucro previsto é de 47,7 euros. Porém, podem parecer caras agora, em relação o lucro previsto, e sugerir uma sobrecompra de ações a médio prazo. Se a empresa quiser manter a sua posição do mercado de capitais terá de aumentar as suas margens, embora estejam a níveis recordes para as empresas automóveis. Será que Lewis Hamilton irá ajudar neste aumento?