Com 16 anos fui pela primeira vez à Seleção Nacional e joguei o meu primeiro Europeu. Foi sem dúvida um dos momentos mais especiais para mim.
No meu jogo de estreia, fui considerada a melhor em campo. Isto foi em 2012, mas ainda hoje é algo que me orgulha.
Aquele torneio gerou uma mudança na minha mentalidade e foi uma alavanca para me tornar profissional. Percebi que se queria estar ao nível das melhores, tinha que sair do contexto onde estava; treinava num campo de cimento 5×5, duas vezes por semana e mesmo que fizesse treinos extra com os rapazes, sabia que não era suficiente.
Fiz as malas e vim para o continente. Em apenas um ano, joguei a Liga dos Campeões, fui Campeã Nacional, ganhei a Taça de Portugal e mudei-me para a primeira Liga Espanhola.
Diria que aquele Europeu mudou a minha vida em vários sentidos porque fez-me descobrir outra paixão: viajar.
Fomos para um resort em Antália. E do “nada” estava eu na Turquia. A menina que só tinha saído da ilha para jogar torneios no Algarve (Mundialito e Copa Fut21) e em Lisboa (Interassociações).
Honestamente não sabia para onde ia nem o que me esperava. Quando chegámos, ia com a cabeça colada à janela do autocarro – o contraste da avenida com os resorts extravagantes e a pobreza extrema ao virar a esquina foi um choque.
Há uma imagem que até hoje não me sai da cabeça: uma pequena casa sem porta, toda destruída por dentro. À frente, uma criança só de cuecas, que sorria e acenava enquanto segurava um bocado de pão na outra mão. Ao lado, uma vaca presa ao chão junto a uma árvore e a uma banheira cheia de água. Só me apetecia sair do autocarro e dar tudo o que tinha àquela criança.
Ali sentada, percebi que havia um mundo para descobrir e eu estava determinada em descobri-lo.
Hoje já visitei 38 países e tive a oportunidade de ajudar várias crianças, tudo graças ao futebol.