A marca brasileira de sandálias Linus vai iniciar a sua operação na Europa, após Portugal ter funcionado como porta de entrada da empresa.
A expansão acontece cinco meses após a participação da fashiontech na New York Fashion Week, em setembro, e a eleição da fundadora Isabela Chusid, 26 anos, na lista “Forbes Under 30”, entre os seis jovens mais inovadores em moda no Brasil, em janeiro deste ano.
A marca nasceu em 2018, com um investimento inicial de 50 mil reais brasileiros (algo comon 8300 euros). Em 2021 começou a exportar sandálias para os EUA e para a Europa por intermédio de parceiros.
No caso europeu, a Linus fez uma parceria com a loja portuguesa +351, que tem pontos de venda físicos (no Chiado e no Cais do Sodré, em Lisboa), e permitiu que a marca se mostrasse aos consumidores nacionais.
Agora, a expansão europeia vai assentar numa plataforma de e-commerce, explica a empresa: “Com o lançamento do nosso e-commerce oficial para a Europa, a venda será pelo uselinus.com, com logística própria”.
Isabela Chusid, CEO e fundadora da Linus, explica que, com a expansão agora delineada, o intuito é que a marca ganhe força até ao verão europeu.
“O mercado europeu, além de ter uma aceitação incrível a produtos brasileiros que carregam o DNA do nosso país no seu design, está há alguns anos na nossa frente quando o assunto é sustentabilidade. Unir os dois aspetos é uma fórmula bastante assertiva, tanto pelo sucesso das vendas que tivemos em Portugal quanto pelos acessos orgânicos que temos em nosso site”, afirma Isabela Chusid, natural de São Paulo.
A marca inicia a operação por meio do e-commerce uselinus.com, com entrega para toda a Europa e um preço fixo de €55,00, além de frete grátis para compras acima de €100,00.
No site está à venda o Trio Originais, composto pelas três cores mais vendidas (“Musgo”, “Chumbo” e “Tijolo”) e outras cinco cores: “Marinho”, “Tabaco”, “Bordô”, “Mostarda” e “Areia”.
Em setembro de 2021, as sandálias estiveram nos pés das modelos no desfile de Carlton Jones na Semana de Moda de Nova Iorque, num contacto que partiu da equipa do estilista.
A marca foi criada por Isabela Chusid em 2018, com o objetivo de facilitar a escolha entre itens da moda, confortáveis ou sustentáveis. Unindo os três pilares, a Linus “desenvolveu a primeira sandália de plástico vegana brasileira, projetada por designers, engenheiros de material, ortopedistas e especialistas em palmilhas”, afirma a empresa.
Na pandemia, quando aumentou a busca online por calçados confortáveis para serem usados em casa, as vendas no site da Linus dispararam.
Crescimento de 700% na pandemia
A marca nativa digital cresceu 700% entre janeiro de 2021 e janeiro de 2020, beneficiando também do boom das sandálias slippers (que levou o músico Kanye West a lançar um modelo pela Yeezy, numa parceria com a Adidas). Segundo Isabela, outro motivo foi o estímulo ao consumo consciente e sustentável.
No mês de dezembro, além de anunciar a inauguração de uma loja temporária no Brasil, no SHOPS Jardins, ao lado de marcas como Gucci e Balmain, a Linus também deu os primeiros passos no mercado de vestuário, com a edição limitada de uma camisa de linho, feita de linho com algodão cru, composta de fibra 100% natural.
Segundo a empresa, entre os aspetos diferenciadores da Linus “também está o fato da sustentabilidade estar 100% atrelada ao negócio, para além dos produtos”.
Esta firma de fashiontech compensa a sua emissão de carbono e todo o plástico que produz, possui os selos “Eu Reciclo”, “Carbon Free”, além de ser certificada pela organização internacional de direitos dos animais PETA, o objetivo é tornar-se carbono negativa até 2026.
Questionámos o motivo pelo qual a Linus declara que 200% (e não 100%) de todo o plástico que produz tem os selos “Eu Reciclo” e “Carbon Free”. “Nós pagamos para a instituição coletar o dobro do plástico que produzimos”, responde a empresa.
Que tipo de sandálias são?
A empresa refere que produz a “primeira sandália de plástico vegana do Brasil”. O que é isto de plástico vegana? Como é que o plástico pode ser ecológico?, perguntámos à empresa.
Esta é a explicação da Linus: “Nada na composição da marca é testado em animais. O processo é livre de óleos plastificantes e lubrificantes de origem animal ou fóssil, que foram substituídos por óleos vegetais. As sandálias são feitas de PVC ecológico microexpandido, um dos plásticos mais versáteis da indústria, com uma estrutura molecular diferente quando comparado aos outros plásticos, já que 57% do seu peso é obtido a partir do sal marinho, um material praticamente inesgotável na natureza, de acordo com o livro Tecnologia do PVC. Além disso, o PVC microexpandido é 100% reciclável e tem um longo ciclo de vida útil, o que o torna durável”.
Prossegue a CEO, Isabela Chusid: “A resina de PVC é naturalmente rígida. Para obter um material maleável e confortável para a Linus, tivemos que incorporar plastificantes, mas fizemos questão de substituir todos os plastificantes de origem animal ou fóssil por aditivos de origem vegetal, como óleos de soja, milho, mamona e palma. Assim, conseguimos tornar a Linus também uma sandália vegana e para chegar à nossa cartela de cores, utilizamos pigmentos orgânicos, livres de metais pesados”.
As embalagens da Linus também são 100% livres de plástico, feitas de papelão com etiquetas de papel semente de margarida. A etiqueta vem unida à sandália com um cordão de sisal, já com as instruções para plantar as margaridas. “Toda a nossa produção é feita no Brasil, assim, conseguimos garantir menos emissões de carbono com transporte e fortalecer a produção nacional, além de estreitar o relacionamento com nossos parceiros”, explica a fundadora da marca.
Como nasceu a Linus?
Assumida adepta de um estilo confortável e despojado, Isabela sempre usou calçados baixos. Ao sentir um incómodo e procurar especialistas, foi diagnosticada com frouxidão ligamentar, condição que exigiria dela o uso de calçados com curvas de apoio para os pés. Em busca desses calçados, ela percebeu uma oportunidade de negócio: era quase impossível encontrar calçados confortáveis, sustentáveis e bonitos sem ter que abrir mão de um desses três pilares. Em menos de seis meses, em 2018, ela fundou a Linus, marca de lifestyle sustentável baseada nestes três aspetos.