A exposição histórica com as obras colaborativas de Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat foi inaugurada no passado dia 5 de abril na Fundação Louis Vuitton, em Paris. Manter-se-á até ao fim do verão, fechando no dia 28 de agosto de 2023. Intitulada Painting 4 Hands, a coleção exposta é de 70 pinturas produzidas pelos dois artistas, em conjunto, entre 1983 e 1985.
Em 1982 o ícone da Pop Art, Andy Warhol, de ascendência eslovaca (de pais ruténios) e nascido em Pittsburgh, na Pensilvânia, conheceu, na Nova Iorque em que então vivia há uma dezena de anos, o Radiant Child, Jean-Michel Basquiat, um artista nascido em Nova Iorque, de origem havaiana e porto-riquenha.
O encontro foi produtivo e teve consequências tão frutuosas como inesperadas. Ao mesmo tempo em que Warhol estava em busca de novas inspirações para os seus próximos trabalhos, Basquiat procurava, em paralelo e em simultâneo, um mentor para o guiar pelo mundo da arte. Foi então que um amigo comum de ambos, Bruno Bischofberger, os apresentou, e o mundo da arte mudou.
No primeiro encontro dos dois, Warhol tirou uma fotografia polaroid dele próprio com Basquiat. Estabeleceu-se de imediato uma relação de reciprocidade, consubstanciada numa troca. Duas horas depois, Basquiat entregou-lhe o famoso quadro ‘Dos Cabezas’, que os retrata aos dois. Warhol, maravilhado, insistiu de imediato no estabelecimento de uma colaboração regular entre os dois. Basquiat, encantado, anuiu de imediato.
Juntos, Warhol e Basquiat, criaram 160 pinturas à quatre mains, nos anos 1980s.
Na exposição agora aberta ao público, 70 das pinturas das 160 telas em que colaboraram estão agora apresentadas. Tornou-se, assim, na maior exibição de sempre dos trabalhos resultantes dos trabalhos levados a cabo, em co-autoria, de Warhol de Basquiat.
O especialista e curador-chefe da exposição, Dieter Buchhart, afirmou, sem hesitações, que esta é “certamente a colaboração mais bem-sucedida na história da arte, entre dois grandes artistas, nunca igualada neste nível e neste período de tempo”.
A instalação está distribuída por vários andares do edifício concebido e desenhado, em Paris, pelo famoso arquiteto norte-americano, nascido no Canadá, Frank Gehry. Em 2018, a Fundação Louis Vuitton tinha já exposto o trabalho de Jean-Michel Basquiat, em solo, com enorme sucesso: a mostra atraiu quase um milhão de visitantes em apenas quatro meses. Agora a Fundação resolveu lançar a rede num arco mais largo.
“A colaboração mais bem-sucedida na história da arte (…) nunca igualada neste nível”
A experiência é híbrida, e abordada quase como que uma instalação artística de banda larga. Na exposição vão estar, também, obras individuais de Warhol e Basquiat, assim como outros documentos, fotografias, e objetos pessoais de cada um dos artistas.
A instalação visa recriar a cena artística de Nova Iorque dos anos 80.
Num comunicado feito publicamente, Bernard Arnauld, o presidente da Fundação Louis Vuitton – e o homem mais rico do mundo, segundo a Forbes –, afirmou que “é evidente que Basquiat e Warhol tinham o mesmo amplo entendimento de arte e cultura”. Acrescentou ainda que “ambos produziam obras extremamente pessoais” e que as “suas criações falam para o mundo inteiro”.
Arnauld continuou dizendo que “muitos de nós, sem dúvida, adorariam poder ouvir as discussões entre Basquiat e Warhol e testemunhar o nascimento destas pinturas ‘a quatro mãos’. A exposição espetacular que estamos a apresentar é uma colaboração de 1983 a 1985, e não é simplesmente um consolo: é um legado para a história e para as gerações futuras”.
“É evidente que Basquiat e Warhol tinham o mesmo amplo entendimento de arte e cultura”.
Warhol era inspirado pela rapidez, virtude e liberdade de Basquiat, e Basquiat admirava Warhol como sendo uma das figuras mais importantes no mundo da arte e um inovador na cultura pop.
“É um legado para a história e para as gerações futuras”.
A instalação é sequencial: a exposição é encetada com o retrato dos artistas, tirado com uma polaroid pelos próprios, mas logo de seguida os visitantes percorrem a jornada criativa da dupla. Tudo salpicado com documentos, fotografia individuais de cada um deles, e objetos pessoais: a lógica do percurso é como que narrativa. Conta uma história. O fecho da exposição conclui com uma comovente homenagem a Warhol, produzida por Basquiat, após a morte de Warhol, em 1987, ao lhe correr mal uma operação de rotina à vesícula que desencadeou arritmias cardíacas a que não sobreviveu. Basquiat acabou também por morreu uns meses depois, em 1988, de uma overdose acidental de heroína, aos 27 anos.
Dados importantes
Quem: Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat
Título: Basquiat x Warhol, Painting 4 Hands/ Basquiat x Warhol, à quatre mains
Onde: 8 Av. du Mahatma Gandhi, 75116 Paris, França
Quando: De dia 5 de abril a 28 de agosto