A atriz britânica Olivia Hussey, vencedora de um Globo de Ouro pelo papel como a adolescente Julieta no filme de 1968 “Romeu e Julieta”, de Franco Zeffirelli, morreu aos 73 anos, anunciou a família. De acordo com o San Francisco Chronicle, a atriz faleceu de cancro da mama.
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“A Olivia era uma pessoa notável cujo calor, sabedoria e pura bondade tocaram a vida de todos os que a conheceram”, afirmou a família, num comunicado publicado na rede social Instagram, na sexta-feira.
Hussey protagonizou ainda “Black Christmas”, de 1974, um filme de terror natalício que colocou Hussey no papel de Jess Bradford, a protagonista principal. A película, de Bob Clark, ficou famosa e gerou remakes lançados em 2006 e 2019, tendo tido influência na ascensão dos filmes de terror, particularmente com “Halloween”, de 1978, de John Carpenter.
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A adaptação cinematográfica de “Morte no Nilo”, de Agatha Christie, em 1978, também contou com a sua participação no elenco.
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Outro filme feito por Olivia Hussey foi “Jesus de Nazaré”, de 1977, no papel de Maria, mãe de Jesus.
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A atriz nascida em Buenos Aires, na Argentina, em 1951, ficou sobretudo conhecida pela adaptação da tragédia de William Shakespeare.
Hussey recebeu o Globo de Ouro de “Nova Estrela do Ano” pela interpretação de Julieta, num filme que venceu o Óscar de melhor fotografia e melhor figurino.
A atriz tinha 15 anos quando ela e Leonard Whiting, então com 16 anos, interpretaram os famosos amantes.
Polémica em tribunal
Em 2023, os dois atores apresentaram queixa contra o estúdio Paramount Pictures por uma cena de nudez não consensual que, alegaram, envolveu fraude, abuso sexual e assédio.
Mas uma juíza do Tribunal Superior de Los Angeles (sudoeste) decidiu aceitar uma moção da Paramount Pictures e arquivar o processo.
Alison Mackenzie determinou que a cena não equivalia a pornografia infantil e está protegida pela Primeira Emenda à Constituição dos EUA.
A juíz determinou que os atores “não apresentaram nenhuma autoridade mostrando aqui que as cenas do filme podem ser consideradas suficientemente sexualmente sugestivas nos termos da lei para serem consideradas conclusivamente ilegais”.
O advogado dos atores disse na altura que pretendia entrar com outra versão do processo junta da justiça federal dos Estados Unidos.
“Acreditamos firmemente que a exploração e a sexualização de menores na indústria cinematográfica devem ser enfrentadas e tratadas legalmente para proteger os indivíduos vulneráveis de danos e garantir a aplicação das leis existentes”, disse em comunicado o advogado Solomon Gresen.
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O filme foi um sucesso na época e – apesar da cena de nudez que mostra, por momentos, as nádegas nuas de Whiting e os seios nus de Hussey – foi visto por gerações de estudantes que estudavam a tragédia de Shakespeare.
O diretor Franco Zeffirelli, que morreu em 2019 aos 96 anos, terá inicialmente dito aos dois atores que iam usar roupas íntimas cor de pele na cena do quarto no final do filme, gravada nos últimos dias da filmagem.
Os atores acabaram por ser filmados nus sem terem conhecimento, o que viola as leis federais contra a exploração de crianças, e Franco Zeffirelli ter-lhes-á dito que deviam atuar nus “ou o filme iria falhar” e as suas carreiras prejudicadas.
Hussey e Whiting alegaram ter sofrido danos emocionais e angústia emocional durante décadas.
Franco Zeffirelli, que faleceu em 2019, não pôde responder ao processo devido à sua morte. No entanto, o seu filho, Pippo Zeffirelli, comentou as alegações feitas por Hussey e Whiting, considerando que “é constrangedor ouvir que hoje, 55 anos após as filmagens, dois atores idosos que devem a sua notoriedade essencialmente a este filme acordam para declarar que sofreram um abuso que lhes causou anos de ansiedade e desconforto emocional”.
com Lusa