Uma exposição em Barcelona vai reunir projetos de artistas de comunidades da Amazónia, do Brasil, Equador e Peru, com estudos científicos recentes sobre a relevância dos ecossistemas para o combate à crise climática.
O Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (CCCB), em Espanha, vai acolher “Amazónias – O Futuro Ancestral”, título escolhido para esta mostra que decorrerá entre 12 de novembro de 2024 e 27 de abril de 2025, segundo o ‘site’ da entidade.
A mostra tem como objetivo dar a conhecer a Amazónia ao público através de projetos de criadores locais, e, ao mesmo tempo, explicar como funciona o ecossistema global, a importância da região no funcionamento da água em todo o planeta, o impacto do aquecimento global, a absorção de CO2 e o papel da biodiversidade.
Com curadoria de Claudi Carreras, a exposição propõe um itinerário totalmente imersivo que “permite aos visitantes ouvir os sons da floresta tropical graças à mais recente investigação sonora, e entrar em novos universos especialmente concebidos para as instalações do CCCB por criadores das comunidades locais”, segundo o centro.
As cosmovisões indígenas estarão presentes de forma transversal em toda a exposição através de diversas criações artísticas encomendadas a vários artistas e coletivos indígenas que trabalharão no centro, em Barcelona: MAHKU (Brasil – Huni Kuin), Rember Yahuarcani (Peru – Witoto), Santiago Yahuarcani e Nereyda López (Peru – Witoto), Elías Mamallacta (Equador – Kichwa) e Olinda Silvano (Peru – Shipibo-Conibo).
Espaço de diálogo entre a sabedoria indígena e ciência
A exposição será concebida “como um espaço de diálogo entre a sabedoria indígena e os mais recentes desenvolvimentos científicos, sob a urgência de consolidar uma narrativa descolonizada, e lançar as bases para a articulação dos direitos das entidades não-humanas”.
O projeto irá abordar “a importância estratégica da preservação da região amazónica a nível global” e apresentará “os mais recentes estudos científicos e arqueológicos que questionam muitos dos paradigmas tradicionais, e apresentam registos comprovados da relevância dos ecossistemas da Amazónia para a preservação do mundo e para o combate à atual crise climática”.
“Estes estudos mostram que mais de 50% da Amazónia não é uma floresta primária, mas uma paisagem induzida. Os povos indígenas e as comunidades locais forjaram as paisagens florestais em toda a região, interagiram com os seus ecossistemas durante milhares de anos e, em alguns casos, formaram a composição das espécies florestais para as adaptar às suas necessidades”, refere.
No entanto, “longe de ser uma exposição fatalista sobre a complexa situação atual da região, a exposição procura estimular e sensibilizar os visitantes para a importância da preservação do maior ecossistema de floresta tropical do mundo, e apresenta uma viagem através de diferentes projetos e obras de criadores da região que, a partir de diferentes práticas, abordam os grandes desafios da Amazónia de hoje”.
“De mãos dadas com os principais cientistas e investigadores da região, os visitantes poderão descobrir as chaves para os desafios que a preservação do ecossistema amazónico coloca”, acrescenta o mesmo texto.
A necessidade de estabelecer mecanismos de proteção internacional que ajudem os países amazónicos a estabelecer políticas de desenvolvimento sustentáveis e equilibradas é um dos temas que o projeto expositivo vai abordar.
O CCCB é um centro cultural multidisciplinar que desenvolve atividades para promover a reflexão sobre os desafios da sociedade contemporânea através de um programa de exposições temáticas, ciclos de conferências e encontros literários, projeções de filmes e festivais.
Lusa