As exportações portuguesas de calçado aumentaram 7,5%, para 526 milhões de euros, no primeiro trimestre face ao mesmo período de 2022, impulsionadas pelo aumento do preço médio do par vendido, divulgou hoje a associação setorial APICCAPS.
De acordo com a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), de janeiro a março, o setor exportou 20 milhões de pares, no valor de 526 milhões de euros, o que representa um recuo homólogo de 4,96% em quantidade, mas um aumento de 7,5% em valor.
Nos três primeiros meses do ano, o preço médio do calçado português aumentou 13,1%, para 26,09 euros o par.
“Como se previa, o ano de 2023 será particularmente exigente para o setor de calçado, fruto de um abrandamento económico comum à maioria dos principais mercados de destino do calçado português”, considera a APICCAPS.
Como exemplo, a associação aponta o caso da Alemanha, “mercado de referência para o calçado português”, e onde, de acordo com a associação comercial alemã, “uma em cada 10 sapatarias encerrou no ano passado, originando um total de 1.500 encerramentos”.
Depois de “um ano de 2022 atípico, com um crescimento das exportações superior a 20%, atingindo mesmo um novo máximo histórico de 2.009 milhões de euros”, o setor tem “a expectativa de que 2023 possa ser um ano de consolidação do calçado português no exterior”.
Contudo, salienta a APICCAPS, “para isso é essencial redobrar esforço, reforçar os investimentos em matéria de promoção externa e ir ao encontro de novas janelas de oportunidade”.
Numa análise por destinos de exportação, verifica-se que, no primeiro trimestre, o calçado português continuou a reforçar a sua posição nos principais mercados externos, em particular nos países extracomunitários, que registaram um crescimento superior a 12%.
“No espaço europeu destaca-se o desempenho na Alemanha (mais 8,5% para 115 milhões de euros), França (mais 6,2% para 111 milhões de Europa) e Países Baixos (mais 9,8% para 81 milhões de euros)”, detalha a associação.
Fora do espaço comunitário, o realce vai para “o bom desempenho no Reino Unido (mais 14,5% para 32 milhões de euros), EUA (mais 10% para 25 milhões de euros) e Canadá (mais 7,4% para 6 milhões de euros)”.
Por produtos, o segmento em couro continua a ser o principal impulsionador do setor, respondendo por 86% das vendas no primeiro trimestre, com um crescimento de 9,8% face ao primeiro trimestre de 2022.
Contudo, a melhor performance registou-se no segmento “outro calçado em plástico”, com um acréscimo na ordem dos 20%, para 26 milhões de euros.
De acordo com o Boletim de Conjuntura da APICCAPS, “apesar do abrandamento da conjuntura, a larga maioria das empresas continua a considerar o estado dos negócios suficiente ou bom”.
“Para o segundo trimestre do ano, nomeadamente ao nível da produção e da carteira de encomendas, ‘estabilidade’ foi a resposta mais frequente das empresas”, nota a associação, segundo a qual “mais de quatro em cada cinco empresas (80%) acreditam que, no segundo trimestre, o seu nível de emprego não irá sofrer alterações”.
Lusa