O fundador e presidente do grupo Media Nove, N’Gunu Tiny, considerou nesta terça-feira, em Lisboa, que “entre a esfera pública de regulação e a intervenção do Estado e a intervenção privada, existe um espaço para as parcerias público-privadas”, para as diversas formas de como o sector público e o sector privado podem interagir e encontrar soluções para o bem comum e para o desenvolvimento de Angola.
Nas breves notas de abertura da conferência “Doing Business Angola”, que decorre em Lisboa, numa organização do Jornal Económico e da Forbes África Lusófona, N’gunu Tiny indicou que este espaço é garantido, a partida, pela Constituição da República, que consagra e associa ao país um modelo de economia social de mercado, “mas que tem também uma acrescida e elevada preocupação social”.
Para o gestor, a assinatura recente dos acordos para o Corredor do Lobito é um exemplo de uma parceria público-privada, no caso específico em forma de concessão, o que lhe leva a acreditar que a abertura consagrada constitucionalmente poderá dar lugar a outros acordos do género.
Por outro lado, defendeu a necessidade da existência de um sector privado forte para que o país se desenvolva. “Por mais que se construam do ponto de vista jurídico e até do ponto de vista social e político, o melhor ambiente para se desenvolver e fazer negócios, a verdade é que para acontecer num determinado país, esse país tem que ter um sector privado forte”, realçou o líder empresarial.
“Se investidores estrangeiros vierem a Portugal para investir no imobiliário ou para comprar casa e detetarem que em Portugal não existem portugueses que fazem o mesmo [que compram casa e investem no imobiliário] vão certamente se perguntar se alguma coisa está mal. E aqui, quando eu digo um sector privado forte em Angola, não estou a ser nacionalista nem estou a esgrimir um argumento patriótico. Estou mesmo a apresentar um argumento de racionalidade económica, porque são os atores locais, sobretudo, que investem a médio e longo prazo, porque investem na sua terra natal, investem na sua comunidade, investem na sua sociedade e o desenvolvimento das sociedades também se fazem numa perspetiva de médio e longo prazo”, apontou, a título de exemplo.
A conferência “Doing Business Angola” reúne alguns dos mais importantes atores do ecossistema económico e político do país que estão a abordar vários temas relevantes da vida económica angolana, entre os quais “Visão Política sobre o Desenvolvimento da Economia Angolana”, “Processo de Privatizações em Angola (Propiv) – 2023/26”, “Privatizações: efeitos e perspectivas”, “Experiência dos Grupos Empresariais”, bem como “Sectores que Potenciam e Apoiam o Desenvolvimento em Angola”.