Vários executivos da China Vanke, a segunda maior construtora da China, renunciaram aos seus bónus para 2023 e vão agora receber um salário de 10.000 yuan (1.284 euros) por mês, face à crise imobiliária no país.
No relatório de contas apresentado hoje na Bolsa de Valores de Hong Kong, o grupo disse que até oito dos seus executivos renunciaram aos seus bónus para o ano financeiro de 2023.
O presidente do conselho de administração, Yu Liang, o presidente executivo do grupo, Zhu Jiusheng, e o chefe do comité de supervisão, Xie Dong, receberão agora um salário de 10.000 yuan por mês, referiu o documento.
Estes três executivos foram os membros do conselho mais bem pagos em 2023, representando 39% do total de 9,16 milhões de yuans (1,18 milhões de euros) que a empresa distribuiu ao conselho.
A Vanke comunicou um declínio anual de 46% no lucro líquido e uma queda de 7,56% no volume de negócios em 2023, quando as suas vendas caíram quase 10%.
A empresa comprometeu-se a reduzir a sua dívida em cerca de 13,8 mil milhões de dólares (12,8 mil milhões de euros), durante os próximos dois anos, e reconheceu que “avaliou de forma demasiado otimista alguns investimentos”, num período de “rápida expansão”, assegurando ao mesmo tempo que vai “prever de forma mais completa as incertezas que possam surgir no futuro”.
A construtora referiu-se também às “preocupações do mercado” sobre a saúde financeira da empresa, especialmente desde o último trimestre de 2023, e afirmou que, “em circunstâncias críticas”, recebeu “um forte apoio” das autoridades da cidade de Shenzhen, no sudeste do país, que controlam o maior acionista da Vanke.
Há duas semanas, a agência de notação Moody’s desceu a classificação da dívida da Vanke para o estatuto de “lixo”, na sequência de notícias de que a empresa enfrenta problemas de liquidez e de que as suas vendas caíram mais 40%, em termos homólogos, nos primeiros dois meses do ano.
A imprensa local alertou recentemente para o facto de a dimensão e a importância da Vanke poderem fazer soar o alarme entre os investidores se esta enfrentar problemas financeiros, uma vez que era um dos poucos promotores imobiliários estatais que ainda tinha uma notação de crédito favorável após o colapso de gigantes do setor como a Evergrande e a Country Garden, face a problemas de liquidez.
A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter anunciado, em agosto de 2020, restrições ao acesso ao financiamento bancário para os promotores que tinham acumulado um elevado nível de dívida, incluindo a Evergrande, que tem um passivo de quase 330 mil milhões de dólares.
As vendas comerciais medidas por área útil na China caíram 24,3%, em 2022, e mais 8,5%, em 2023, enquanto os preços das casas novas caíram em dezembro ao ritmo mais rápido em quase nove anos.