A assinatura do contrato para o início da transferência da concessão dos serviços ferroviários e de apoio logístico do Corredor do Lobito à Lobito Atlantic Railway (LAR) decorreu no Lobito com a presença do presidente e CEO do grupo Mota-Engil, Carlos Mota Santos, que integra o consórcio onde estão também a Trafigura e Vecturis.
Em declarações em exclusivo para a FORBES, o presidente e CEO da Mota-Engil, que esteve presente na cerimónia, sublinhou a importância deste novo investimento em África, assim como o papel que o grupo português pretende continuar a ter no desenvolvimento do continente.
“Para a Mota-Engil que nasceu em Angola através do meu avô em 1946, estar aqui hoje, no Lobito, a celebrar um dos mais relevantes investimentos por um período de 30 anos para fazer do Corredor do Lobito o maior dinamizador do comércio internacional na região demonstra a capacidade, confiança e elevado compromisso que a Mota-Engil mantém com o desenvolvimento da África Subsariana”, realçou Carlos Mota Santos.
O CEO do grupo de construção e engenharia assumiu ainda que nesta região “somos um dos principais grupos de infraestruturas e com investimentos diversificados como é exemplo o início da exploração desta concessão a que damos inicio e, na qual, muito acreditamos.”
A Lobito Atlantic Holdings S.A., terá a missão de construir, manter e explorar uma linha de caminho de ferro no Lobito, em Angola, isto depois da assinatura do contrato que decorreu no ano passado. No âmbito da concessão, está a prestação de serviços ferroviários e apoio logístico para este corredor considerado uma rota essencial para a ligação das minas na República Democrática do Congo ao porto angolano do Lobito e aos mercados internacionais. A concessão pelo Governo angolano tem um prazo de 30 anos, mas extensível por mais 20.
Dinamizar o comércio
A cerimónia contou com também com outras presenças de peso, nomeadamente do Presidente da República de Angola, João Lourenço, do Presidente da República Democrática do Congo, Antoine Tshisekedi Tshilombo e do Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema. Presenças que confirmam “a importância de que se reveste o Corredor do Lobito para o desenvolvimento da economia destes três países, assim como para o incremento das trocas comerciais intra-africanas” pode ler-se no comunicado divulgado pela Lobito Atlantic Railway.
Para impulsionar o potencial desta infraestrutura ferroviária está previsto a aquisição de 1.555 vagões e de 35 locomotivas destinados a circular no lado angolano do corredor. Além disso, será também necessário investir na formação dos trabalhadores, através da realização de programas específicos ministrados nos centros já em funcionamento no Huambo e no Lobito. Os trabalhadores necessários serão maioritariamente recrutados na Província de Benguela e nas restantes localidades pelas quais se estende o Corredor.
Para arrancar com a concessão, a LAR vai investir 455 milhões de dólares em Angola e até 100 milhões de dólares na República Democrática do Congo. No futuro e à medida que “for sendo concretizada a ligação do Corredor do Lobito à Zâmbia, com vista à extensão dos seus benefícios a toda esta vasta região da África Austral, outros investimentos se seguirão”.
O Presidente da República de Angola defendeu que o Corredor do Lobito vai dinamizar as exportações intra-africanas, que atualmente apenas representam 14% do total efetuado para o resto do mundo. João Lourenço realçou que estes números “mostram-nos a importância e a necessidade de colocarmos as nossas infraestruturas ao serviço do desenvolvimento económico e social dos nossos países e do nosso continente. E de sermos nós a fazê-lo com visão, com propósito e com objetivos claramente definidos”. O Presidente angolano sublinhou ainda que “é a nós africanos que cabe definir e concretizar a forma como queremos e podemos participar no desenvolvimento económico mundial, de forma assertiva e cada vez mais qualificada. Otimizando os nossos recursos, explorando-os, transformando-os e fazendo-os chegar atempadamente aos mercados que os procuram e que deles precisam”.
O Corredor do Lobito estende-se ao longo de cerca de 1.300 quilómetros do território angolano e por mais 400 quilómetros na República Democrática do Congo até à cidade de Kolwezi e está diretamente ligado à rede ferroviária administrada pela Sociedade Ferroviária Nacional do Congo.