A plataforma de entregas Glovo tem vindo a apostar na redução da pegada carbónica, mas definiu como meta ter um impacto cada vez mais positivo nas cidades onde opera. Para tal, criou o Impact Fund, que não é mais do que formalizar e estruturar o mecanismo financeiro que já existia na Glovo: por cada pedido, uma pequena porção reverte para financiar projetos que geram impacto.
Qual tem sido a estratégia da Glovo no que se refere às boas práticas ambientais?
Desde o primeiro dia da Glovo, que o impacto que a empresa tem na sociedade e no ambiente tem sido uma das nossas principais preocupações. Temos noção de que o nosso negócio tem um impacto nas cidades em que operamos e queremos que o mesmo seja positivo para as comunidades locais e para o planeta. Temos estado a fazer cada vez mais progresso para reduzir a nossa pegada carbónica – tanto na nossa operação direta como indireta. Em 2022, conseguimos aprovação da Science Based Targets Initiative (SBTi) para as nossas metas de redução das emissões de carbono – reduzimos as emissões de CO2 ao longo da nossa cadeia de valor em 8.800 toneladas, a nível global. A nossa estratégia inclui também a implementação de projetos relacionados com o aumento da utilização de embalagens sustentáveis pelos nossos parceiros, a redução de desperdício alimentar, tornar a frota utilizada pelos estafetas elétrica e operações cada vez mais eficientes.
Acabaram de materializar a criação do Impact Fund. Quais os argumentos que justificam a implementação desta ferramenta?
O Impact Fund é uma formalização e estruturação do mecanismo financeiro que já existia na Glovo: por cada pedido, uma pequena porção reverte para financiar projetos que geram impacto. Através deste fundo, estamos a ligar diretamente o crescimento da Glovo com a nossa capacidade de gerar um impacto positivo no nosso ecossistema: quanto maior a Glovo se torna, o mesmo se verifica com os nossos projetos socioambientais. Atualmente, a maior parte dos países em que operamos têm projetos fundados pelo Impact Fund, mas este fundo também é utilizado para projetos globais.
Em termos práticos, como vai funcionar este projeto quais os valores que a Glovo antecipa retirar por cada encomenda?
Prevemos que este fundo atinja os cinco milhões de euros até ao final de 2023. Para implementar este projeto, diversas equipas estão a trabalhar em conjunto, lideradas pela equipa de Impact & Sustainability e pela equipa Financeira. Esperamos que alguns destes investimentos gerem um retorno positivo para o negócio a longo prazo. A equipa de Impact & Sustainability tem um papel de hub de inovação para criar e guiar produtos, serviços ou modelos de negócio focados em gerar impacto. Assim que o retorno do investimento é verificado, a responsabilidade destes projetos é passada para as equipas de negócio relacionadas com o projeto. Isto assegura que estes projetos são escaláveis através da incorporação nas operações no desenvolvimento de produto.
Quais as iniciativas que poderão beneficiar da implementação do Impact Fund?
Temos diversos programas em curso, liderados pela equipa na sede em Barcelona, seja pelas equipas locais. No entanto, todos se centram à volta dos mesmos pilares. O primeiro está centrado em ONG, às quais a Glovo disponibiliza serviços sem qualquer custo ou mesmo donativos a Câmaras Municipais na Ucrânia para reconstruir cidades afetadas pela guerra. O segundo pilar está focado em parceiros ou estafetas, com projetos como o Glovo Local, que ajuda pequenas empresas a digitalizar os seus negócios. Por último, o terceiro pilar centra-se à volta do ambiente, com projetos que vão desde incentivos para pequenos negócios adotarem embalagens sustentáveis para o delivery, luta contra o desperdício alimentar, entre outros.
Quais os ganhos que a empresa antecipa retirar desta iniciativa?
Desde o nascimento da Glovo, que o impacto tem sido uma prioridade para a empresa. Simplesmente, é a coisa certa a fazer pois sentimo-nos responsáveis pela gestão do impacto da nossa atividade. À medida que a Glovo cresce, também o impacto que geramos cresce devido à escala da nossa plataforma. Não podemos, também, escapar à noção de que é bom para o negócio: fazer a gestão do impacto significa resolver questões sociais e ambientais de uma forma que façam sentido em termos de negócio. Pode contribuir para a redução de custos, gerar novas fontes de rendimento ou dar-nos acesso a subsídios públicos. Mas, também, os nossos stakeholders esperam isto de nós: desde utilizadores, parceiros e estafetas, a passar pelo Governo, o público em geral e os nossos colaboradores. Todos estão preocupados com o impacto que temos. Cada vez mais as empresas são responsabilizadas por fazer a sua parte em ajudar a resolver os desafios sociais e ambientais mais urgentes.
Como avalia o desempenho da filial portuguesa na adoção da estratégia de sustentabilidade definida pela casa-mãe?
Podemos ser vistos como uma grande empresa, mas consideramos que ainda somos pequenos. Estamos agora a começar a desenvolver mais projetos em Portugal. No entanto, temos o projeto com o reFood a decorrer já desde 2020. Neste projeto todas as refeições que por alguma razão não chegam aos clientes são redirecionadas para os polos reFood em Lisboa, Porto, Braga, Almada e na zona da Linha de Cascais. Até ao momento já entregamos mais de 17 mil refeições.
Lançamos, também, no início deste ano, o Glovo Local, um conjunto de ferramentas para ajudar pequenas e médias empresas a acelerarem a sua digitalização e o seu negócio. Estamos agora a trabalhar em dois projetos diferentes. O primeiro é dedicado a aumentar a penetração de embalagens sustentáveis nos pedidos dos parceiros Glovo, com descontos apetecíveis através da Glovo Store. O segundo projeto será o lançamento do Glovo Access, uma iniciativa que permite a que as ONG tenham acesso à rede logística de última milha da Glovo, assegurando assim que bens essenciais estejam disponíveis a todos. Ao inscreverem-se neste projeto, as ONG a operar em Portugal passam a ter acesso a um conjunto de serviços, permitindo facilitar o seu dia-a-dia e reduzir custos, que passam a ser suportados pela Glovo.
No trabalho com os parceiros, como pequenas e médias empresas, quais as iniciativas que têm sido adotadas?
Lançamos no início deste ano o Glovo Local, um conjunto de ferramentas e soluções para pequenos e médios restaurantes e lojas na área do retalho, com o objetivo claro de os ajudar a digitalizar os seus negócios, enquanto expandem os respetivos canais online e lojas. Através de um site próprio, estes parceiros podem escolher a solução que melhor se coaduna, ao nível da rentabilidade e produtividade, com o seu objetivo comercial. Com isso, criam-se condições para que consigam gerir as suas operações, através de tecnologia no ponto de venda, bem como pela definição de respostas na sua cadeia de abastecimento.
No que se refere aos colaboradores, como têm sido mobilizados para a adoção das práticas de sustentabilidade?
Na Glovo, a nossa cultura empresarial rege-se por seis valores base, onde se inclui o Care. A descrição deste é que “interessamo-nos e investimos tempo em como podemos gerar um impacto positivo na inclusão, sociedade e no ambiente”, o que nos mostra exatamente aquilo que nos move. Temos uma série de ações internas para que este valor faça parte do dia a dia dos colaboradores nos vários escritórios da Glovo em todo o mundo. Estamos a falar desde semanas de voluntariado, o programa Glovo Cares, em que os colaboradores podem levar os pedidos feitos através da app e em que a empresa doa 15 euros por cada pedido a ONG. Ainda este mês, em Portugal, a equipa vai fazer uma limpeza de praia em parceria com a Coca-Cola.