O ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, pagará à Prefeitura da maior cidade brasileira 210 milhões de reais (32,6 milhões de euros ao câmbio atual) por desvio de recursos públicos, informaram as autoridades na terça-feira.
Os advogados de Maluf, um político de direita, atualmente com 93 anos, assinaram um acordo com o Ministério Público após cerca de um ano de negociações para devolver o montante desviado durante a sua gestão como líder da Prefeitura entre 1993 e 1996.
Em comunicado, o município de São Paulo refere que a “Procuradoria Geral do Município de São Paulo, em conjunto com a Promotoria de Justiça do Património Público e Social da Capital, concluiu uma longa negociação, iniciada há cerca de um ano, que resultou na assinatura do novo acordo – que foi firmado com quatro filhos, uma ex-nora e um ex-genro do ex-prefeito, uma empresa “offshore” do Uruguai e um banco brasileiro que adquiriu ações de empresa Eucatex”.
O valor é resultado de investigações sobre desvios de dinheiros durante a gestão de Maluf em obras como o Túnel Ayrton Senna e a Avenida Água Espraiada, atualmente chamada de Avenida Jornalista Roberto Marinho.
A procuradora-geral do município, Luciana Sant’Ana, disse num comunicado que o acordo é “muito bom para o interesse público”, por se tratar do “maior escândalo de corrupção” da história da cidade.
A Prefeitura de São Paulo esclarece, porém, que o pagamento da multa não encerra outras ações civis em curso contra Maluf, assim como contra a mulher e empresas da família, acusadas de sobrefaturamento e de receber subornos.
Em comunicado, a defesa do ex-prefeito disse que “o desfecho mostra a postura colaborativa da família, que encerra uma controvérsia judicial sem estar sujeita às incertezas inerentes ao processo”.
Em 2017, o Supremo Tribunal condenou o político a sete anos de prisão e ao pagamento de uma multa pelo crime de lavagem de dinheiro, considerando que beneficiou do desvio de recursos destinados a obras públicas, que eram enviados ilegalmente para o exterior do país.
Maluf, uma das figuras mais influentes da política brasileira na segunda metade do século passado, também esteve à frente da cidade entre 1969 e 1971 e foi governador do estado de São Paulo entre 1979 e 1982, ambos os cargos exercidos durante a ditadura militar.
Além disso, concorreu à Presidência do Brasil em 1985 e 1989, eleições nas quais foi derrotado.
com Lusa