A União Europeia apresentou uma proposta de um sistema de conectividade segura baseada nas tecnologias espaciais que seja a base para um futuro mais digital, ecológico e resiliente para o nosso planeta.
Refere Bruxelas que, no mundo digital de hoje, a conectividade com base nas tecnologias espaciais é um ativo estratégico para a resiliência da UE: “É essencial para sustentar o nosso poder económico, a nossa liderança digital, a nossa soberania tecnológica, a nossa competitividade e o nosso progresso societal. A conectividade segura tornou-se um bem público para os governos e os cidadãos europeus”.
O objetivo deste sistema é, assim, apoiar “a proteção das infraestruturas críticas, a vigilância, as ações externas, a gestão de crises e as aplicações críticas para a economia, a segurança e a defesa dos Estados-Membros”.
Esta será a a terceira grande rede europeia de satélites, a qual vai complementar os sistemas existentes: o Galileo (sistema de navegação por satélite global) e o Copernicus, (usado para a observação da Terra).
Nos planos dos responsáveis europeus está o assegurar “a disponibilidade a longo prazo, no mundo inteiro, de um acesso ininterrupto a serviços de comunicações por satélite seguros e com boa relação custo-eficácia”.
Outro propósito é “permitir ao setor privado prestar serviços comerciais com acesso a ligações avançadas, fiáveis e rápidas para os cidadãos e as empresas em toda a Europa, incluindo nas zonas mortas em termos de comunicações, e garantindo a coesão entre os Estados-Membros”.
Quais são as aplicações práticas do sistema?
Esta iniciativa oferecerá acesso móvel e fixo à banda larga por satélite, colocação dos satélites em rede para serviços B2B, acesso aos satélites para os transportes, redes de satélites reforçadas e serviços de banda larga e em nuvem por satélite. Pode apoiar a computação periférica, a Internet das coisas, a condução autónoma, a saúde em linha, o trabalho e a educação inteligentes, a conectividade em voo e marítima e a agricultura inteligente.
Bruxelas evidencia, igualmente, que o sistema proporcionará também conectividade em zonas geográficas de interesse estratégico, por exemplo em África e no Ártico, enquanto parte da estratégia Global Gateway.
Quanto vai custar?
O custo total está estimado em 6 mil milhões de euros. A contribuição da União para o programa entre 2022 e 2027 é de 2,4 mil milhões de euros a preços correntes. O financiamento provirá de diferentes fontes do setor público (orçamento da UE, Estados-Membros, Agência Espacial Europeia (ESA)). A Comissão Europeia espera obter o valor restante através de investimentos do setor privado, através de parcerias público-privadas.
No que diz respeito ao financiamento da UE, será concebido de forma a não comprometer a aplicação das componentes espaciais existentes do Regulamento Espacial da UE, nomeadamente Galileo e Copernicus.
Esta nova constelação de satélites garantirá a independência da própria UE no que diz respeito à segurança dos seus sistemas de comunicação, que são dependentes de satélites não europeus que orbitam em torno da Terra.
“Tanto as necessidades dos utilizadores governamentais como as soluções de comunicação por satélite estão a mudar rapidamente. O sistema da UE de comunicações seguras baseado nas tecnologias espaciais procura satisfazer estas necessidades crescentes e em evolução e incluirá também as mais recentes tecnologias de comunicação quântica para uma cifragem segura”, diz a União Europeia.
O desenvolvimento de uma nova infraestrutura proporcionará um valor acrescentado bruto (VAB) de 17-24 mil milhões de euros, segundo a estimativa europeia, e criaria mais postos de trabalho na indústria espacial da UE, com outros efeitos indiretos positivos na economia através dos setores a jusante que utilizam serviços de conectividade inovadores.
Qual é o calendário da iniciativa?
O programa será executado de forma gradual, elegendo a qualidade como objetivo primordial. O desenvolvimento e a operacionalização iniciais poderão ter início em 2023. a prestação de serviços iniciais e ensaios em órbita da criptografia quântica até 2025; e a plena operacionalização com integração da criptografia quântica permitindo a prestação de serviços completos até 2028.