A quarta edição do EurAfrican Forum terminou hoje com chave de ouro com a sessão “A Conversation Between Presidents” que juntou, numa conversa através de videoconferência, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Presidente de Angola, João Lourenço.
Neste tête-à-tête, como o Presidente angolano apelidou esta sessão, foi realçado o bom momento nas relações entre os dois países marcadas pela amizade e cooperação, sem esquecer o excecional relacionamento pessoal criado entre os líderes dos dois membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O Presidente João Lourenço sublinhou que “tive a felicidade de, durante este meu primeiro mandato, termos sabido manter a um nível bastante alto as relações de amizade e cooperação entre os nossos dois países, entre Angola e Portugal, a todos os níveis, incluindo a nível pessoal, não obstante, no caso de Portugal o Chefe de Estado ser de uma família política e o primeiro-ministro ser de outra”. O governante angolano afirmou ainda que “isto não terá ofuscado de forma nenhuma as boas relações que Portugal está a conseguir manter com Angola e Angola com Portugal”.
No debate virtual, Marcelo Rebelo de Sousa começou por lembrar que João Lourenço não é só Presidente de Angola, mas é também “o nosso Presidente”, já que, o país assume a presidência da CPLP. “Há as relações excelentes entre Estados que só melhoraram nos últimos anos”, disse o Chefe de Estado português que atribuiu grande parte do mérito ao seu homólogo “pela sua capacidade de entendimento e empatia”.
Para João Lourenço os dois países “estão condenados a viver eternamente abraçados. Nada pode abalar as relações que queremos sempre boas”. Por isso, garantiu que “Portugal pode contar com Angola em todos os momentos, da mesma forma que Angola conta com Portugal em todos os momentos”. E não perdeu a oportunidade de agradecer a Marcelo Rebelo de Sousa pela “oportunidade de termos este tête-à-tête”.
Para provar este bom relacionamento, João Lourenço destacou ainda um exemplo das boas relações entre os dois países, ao revelar a ajuda que o Primeiro-ministro português, António Costa, ofereceu para enviar técnicos especialistas para que Angola cumpra o objetivo de proceder à exumação dos corpos das vítimas do massacre de 27 de maio de 1977. É, “portanto, um pequeno episódio para refletir o nível das relações entre os nossos países”, concluiu.
Num mundo marcado pela pandemia, o Chefe de Estado português alertou que a partilha de vacinas contra a Covid-19 “ainda é insuficiente” e garantiu que tanto a União Europeia como Portugal querem acelerar este processo.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que “Portugal tomou a iniciativa de, primeiro relativamente a um milhão de vacinas, e agora tem a meta de três milhões de vacinas, privilegiar naturalmente os Estados irmãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. E com algumas exceções, poucas, duas ou três exceções, naturalmente tem concentrado aí a sua energia”. O Presidente da República português salientou que as vacinas são “a solução possível para o controlo da pandemia”.
Por seu turno o Chefe de Estado angolano salientou que a pandemia “apanhou todos de surpresa” e afetou todas as economias. “Estamos a lutar para ultrapassar esta vaga da pandemia e regressar o mais rápido a uma situação de quase normalidade”. João Lourenço admitiu que Angola já passou pela pior fase e até “saímos bem”, mas assumiu que a vitória perante a Covid-19 apenas será atingida se a vacinação chegar a toda a gente. O governante afirmou que um terço de um total de cerca de 15 milhões da população elegível já recebeu a vacina, sendo que mais de 5500 milhões já tem pelo menos uma dose e mais de 1,3 milhões já tem as duas doses. A meta é ter 60% da população elegível vacinada e os restantes ao longo do primeiro semestre de 2022. O país tem a logística no terreno para levar as vacinas a todas as Províncias e vai continuar a apostar na testagem e no reforço do número de postos de vacinação. “Estamos a fazer tudo para admitir mais pessoal [de saúde] para concluir o mais rápido o processo de vacinação”, rematou o Presidente de Angola.