Os participantes da Conferência Estocolmo+50, que assinalou os 50 anos da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano de 1972 e de ação ambiental global, encerraram esta sexta-feira dois dias de discussões com uma declaração, onde assumem a necessidade “urgente” de ação para a existência de um planeta saudável.
Perante a necessidade de acelerar e transformar a atuação de governos, instituições e indivíduos, em prol da descarbonização e cuidado ambiental, as empresas adquirem um papel fundamental neste percurso para se alcançar um futuro mais sustentável e inclusivo para todos.
A pensar nesta urgência ambiental, os especialistas em recrutamento e gestão de talento da ManpowerGroup propóem cinco estratégias que as empresas devem ter em conta na sua transição energética.
1. Analisar o ponto de partida e medir emissões
Desde modelos de desenvolvimento de novos produtos até decisões de compras, a integração de critérios de sustentabilidade torna-se cada vez mais relevante e implica mudanças nas organizações. Por isso, antes da implementação de qualquer estratégia de sustentabilidade, é importante perceber como é que ela vai afetar cada área da empresa e os benefícios que irão decorrer da sua implementação.
As empresas devem analisar a sua situação atual em termos de sustentabilidade e pegada ambiental para poder, em seguida, definir targets e planos de ação, refere a ManpowerGroup. Este processo de identificação e análise do impacto nos processos atuais, permitirá também perceber onde é que se devem concentrar os esforços de sustentabilidade da organização, salientando as questões com maior impacto e relevância para a empresa e os seus stakeholders.
2. Examinar toda a cadeia de valor e reduzir impactos
Para reduzir o impacto ambiental, a análise à organização deverá ir além da sua própria atividade e considerar todos os atores da sua cadeia de valor e a sua respetiva pegada, nomeadamente, a forma como consomem recursos, o impacto ambiental dos produtos e dos serviços que disponibiliza, a gestão dos resíduos gerados, entre outros, sublinha o ManpowerGroup que cita a associação Carbon Disclosure Project para enunciar que a maior parte do consumo mundial de energia e emissões de CO2 vem desta relação.
“A empresa deve assumir que a redução da utilização de energia deve ser feita tanto na fase da produção, de expedição e mesmo até ao final de vida de cada produto. Desta forma, na definição da estratégia é importante que a organização possa considerar a utilização de tecnologias como a Internet das Coisas (IoT) ou o Cloud Computing, que permitirão uma maior capacidade de seguimento e medição do impacto ambiental ao longo da cadeia de valor, permitindo maximizar eficiências e reduzir esse impacto”, acentua o ManpowerGroup.
As organizações podem igualmente apostar em cadeias de abastecimento mais resistentes, operações mais eficientes e em oportunidades para desenvolver produtos novos, inovadores e sustentáveis, com um melhor desempenho financeiro a longo prazo, complementam estes especialistas em recursos humanos.
3. Investir nos processos e alocar recursos, vendo a jornada para a sustentabilidade como um esforço contínuo
De acordo com o ManpowerGroup, a implementação de uma estratégia de sustentabilidade requer processos bem definidos, que devem ser otimizados através da adoção e integração de ferramentas nos sistemas de gestão já existentes na empresa. Desta forma, é necessário adaptar e aperfeiçoar os sistemas já operacionais, mas agora à sustentabilidade. A revisão de processos deve ser alinhada com as equipas alocadas a estes, já que serão essas pessoas que irão concretizar a estratégia de transição energética.
Manter o foco e o progresso na jornada da sustentabilidade requer esforço. “Nesse sentido, é importante estabelecer equipas de projeto dedicadas, ou até mesmo um ‘embaixador’ interno de sustentabilidade. Será sua a responsabilidade de acelerar o progresso da empresa, colaborando com os diferentes atores, internos e externos”, aconselha o ManpowerGroup que acentua que, dependendo da realidade de cada empresa, a alocação de recursos pode ir mais além destas equipas.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, a mudança para uma economia mais verde poderá significar, a nível global, o surgimento de 24 milhões de novos empregos, até 2030. “Estas são funções que contribuem para preservar o meio ambiente, tanto em setores tradicionais, como em atividades ‘verdes’ por natureza, e que se relacionam com uma economia emergente, como são exemplo as energias renováveis, entre outros”, diz o ManpowerGroup.
No entanto, salientam estes especialistas, a criação destes novos empregos deve ser acompanhada por uma resposta equivalente do lado da oferta de talento, “o que se tem revelado um importante desafio para as empresas. Nesse sentido, a qualificação ou requalificação de trabalhadores será fundamental para que a passagem de profissionais para estes empregos seja bem-sucedida. Este trabalho deve ser feito através da identificação das competências transferíveis, que potenciarão o êxito nessa transição, e da construção de percursos de desenvolvimento e formação que permitam suprir o desencontro de competências”.
4. Envolver os colaboradores e criar dinâmicas internas que incentivem às práticas sustentáveis
O ManpowerGroup refere que a mudança a nível ambiental tem de ser visível e estar presente em todas as dimensões da organização, nomeadamente no comportamento dos seus colaboradores, que devem ter um papel ativo no processo de transição energética.
“Desta forma, é importante que os líderes, além de darem o exemplo, incentivem os trabalhadores a terem práticas sustentáveis, ouvindo ainda as suas ideias e estratégias para tornar a empresa mais responsável ambientalmente, contribuindo assim para a definição de políticas concretas. Desta forma, em conjunto, líderes e profissionais perceberão os diferentes desafios de sustentabilidade, vendo-o como um elemento competitivo, permitindo-lhes também construir o seu espírito de equipa para resolverem os obstáculos que forem surgindo”.
É ainda fulcral – prossegue o ManpowerGroup – envolver os colaboradores nas ações que forem ocorrendo, que podem passar por atos diários, como a redução do papel no local de trabalho, ou a reciclagem, ou pela dinamização de ações de sustentabilidade fora do escritório, que promovam a ligação conjunta dos trabalhadores ao objetivo ambiental da empresa. Este esforço pode ainda ter em conta sugestões por parte das empresas para o dia a dia do trabalhador, como a utilização de meios de transporte mais ecológicos, que podem ser acompanhadas de incentivos financeiros.
5. Medir os progressos, reportar e certificar
A transparência é um elemento fulcral do processo de transição energética, já que as organizações devem ir relatando os resultados que vão alcançando e verem as melhorias e as falhas como uma oportunidade de aprendizagem, indicam estes especialistas. Neste sentido, a elaboração de relatórios completos e a adesão a índices de sustentabilidade é fundamental para mostrar aos interessados o que já foi alcançado e refletir o desempenho da organização.
“A nível interno, esta comunicação contribui para definir prioridades em torno a áreas de atuação e iniciativas, bem como fomentar o envolvimento dos trabalhadores em torno da sustentabilidade. A nível externo, é fundamental em termos de responsabilização perante os diferentes stakeholders e para cumprir com as obrigações de reporting”, diz estas firma de gestão de talento.
O ManpowerGroup recorda que, atualmente, as empresas utilizam uma variedade de modelos de reporting de sustentabilidade. “Contudo, a inexistência de normas globais consistentes, dificulta uma boa compreensão do impacto das empresas e a sua comparação. Para responder a este desafio, o International Sustainability Standards Board (ISSB), apresentado na COP26, está a desenvolver standards de reporting de sustentabilidade que permitirão a elaboração de relatórios de sustentabilidade globalmente consistentes, comparáveis e fiáveis”, dá conta esta empresa.