A Criptoloja foi integrada na holding 2TM e muda agora de nome para Mercado Bitcoin Portugal. Quais os argumentos que justificam esta integração?
O Mercado Bitcoin, sendo a maior bolsa de criptomoedas da América Latina, tem neste momento um universo de quase quatro milhões de clientes. É uma empresa com uma dimensão relevante e que tem uma marca, obviamente, também reconhecida por muito mais pessoas do que aqui em Portugal. Essa é, essencialmente, a principal sinergia que se obtém ao utilizar uma marca já reconhecida numa escala muito maior.
Mas esta integração vai implicar mudanças em termos de estratégia?
A mudança de marca implica só por si um “maior cuidado” com a utilização da marca e o modo como nos mostramos ao mercado. Como referi, sendo uma marca mais reconhecida, traz mais responsabilidades. Mas, ao nível de estratégia, esta integração obriga por si – e tendo uma mesma marca comum – a seguir determinadas políticas, seja da própria utilização da marca, seja no que respeita à integração de outros departamentos, nomeadamente processos com recursos humanos, processos de controlo financeiro, por exemplo, que vão ser também comuns e que vão ser seguidos em Portugal, alinhados com a casa-mãe no Brasil.
A empresa poderá entrar em novas áreas de atuação?
Não haverá mudanças práticas, nem novas áreas de atuação, porque a nossa forma de atuar é a que temos autorizada pelo Banco de Portugal e é essa que vamos manter. Obviamente que vamos tentar alargar para mais serviços, mas sempre previamente autorizados. Isto vai permitir-nos trazer, para cá, toda uma equipa de análise, de apoio a nível de criação de conteúdos, seja de mercado, podcasts, todo um conjunto de ferramentas e expertise de apoio ao cliente. E neste âmbito, será certamente um salto enorme.
Qual o impacto que irá ter no crescimento da nova filial portuguesa?
Estão previstos novos investimentos pela marca, até porque o lançamento de uma marca requer algum investimento. Já havia esse planeamento de continuar a investir no Mercado Bitcoin Portugal, nomeadamente, para levar a cabo a expansão geográfica que iremos fazer, a partir de agora, para Espanha. Isto obrigará ao recrutamento de mais pessoas, mais especializadas, e ao crescimento de estruturas de apoio, como por exemplo, o Compliance.
Esta operação acaba por potenciar a chegada da 2TM à Europa?
Sim, é uma chegada à Europa com a marca Mercado Bitcoin. Naturalmente, a marca pretende entrar noutros mercados, estando prevista uma expansão geográfica, para chegar rapidamente – ainda neste trimestre – a Espanha.
Há quase um novo unicórnio no mercado português…
Não obstante ser uma mudança de marca, estamos a trazer para Portugal uma marca, um grupo que, no Brasil, é avaliado em cerca de dois mil milhões de dólares, o que equivale a dois unicórnios. O que é por si relevante. De facto, conseguimos com que uma microempresa como a nossa, tão jovem em Portugal, tenha recebido uma ronda de investimento de uma empresa tão grande, de um unicórnio. Na prática, estamos a trazer um unicórnio para Portugal.
A Criptoloja foi a primeira corretora de criptomoedas autorizada pelo Banco de Portugal. Com esta integração não se “perde” um pouco este pioneirismo conseguido pela fintech?
A Criptoloja foi a primeira marca, mas a empresa que está por detrás do nome comercial Criptoloja, irá continuar. Ganhou um novo sócio, mas isso já aconteceu há um ano. Perde-se sempre um pouco porque foi a primeira marca. Pessoalmente, ficará sempre aquele carinho especial com o nome Criptoloja. A nível de pioneirismo, vamos manter o foco, até porque, tanto eu como o Luís Gomes, vamos continuar a liderar a operação com muito entusiasmo e força. Vamos manter vivo esse pioneirismo sempre a olhar para o futuro.
Qual a aceitação que esperam do mercado quanto a esta integração? Não temem perder clientes?
Esperamos uma excelente aceitação do mercado até porque, mesmo em Portugal, não é um nome desconhecido. Muitos dos conteúdos – e isso dá para ver ao analisar as estatísticas no Google –, que o Mercado Bitcoin no Brasil produz, são excelentes e já são muitos consumidos no nosso país. Há muito acesso seja a vídeos, podcasts, análises, notas de research. Esperamos que as pessoas reconheçam a marca também aqui. Portanto, estamos convictos que será uma excelente aceitação, por isso, não equacionamos perder clientes, pelo contrário, prevemos fazer crescer a base de clientes. Além de que é uma marca brasileira e há muitos brasileiros a deslocarem-se para o nosso País, muitos deles clientes do Mercado Bitcoin Brasil e esperamos que também eles venham a ser clientes do Mercado Bitcoin em Portugal.
Em termos de gestão, será feita a reestruturação da equipa? Mantém-se a atual liderança?
A equipa de liderança continuará exatamente a mesma. Nada disso altera. Até porque o aumento da administração já aconteceu no ano passado, aquando da aprovação da aquisição pelo Banco de Portugal. A nossa equipa de gestão mantém-se há um ano, e forte. É liderada por mim e pelo Luís Gomes, desde o início e assim continuaremos.
Está preparada uma campanha de comunicação desta mudança?
Temos preparado uma campanha de comunicação bastante forte quando comparado com o que temos feito até agora. Sem entrar em detalhes no investimento, vamos tentar diversificar os meios, apostando no online, rádio e outdoor.