A maior economia do mundo no setor das viagens e turismo está a seguir um caminho errado. O alerta vem da World Travel & Tourism Council (WTTC), entidade global que representa este setor, que avança que enquanto outros países estão a avançar, os EUA estão a recuar. Ou seja, os EUA estão a receber menos visitantes dos seus vizinhos e de países mais distantes, o que é um indicador claro de que a atração global dos EUA está a diminuir.
Num recente estudo sobre o impacto económico, a WTTC revela que os Estados Unidos estão a caminho de perder cerca de 12,5 mil milhões de dólares (11,2 mil milhões de euros) em gastos de visitantes internacionais. Esta associação estima que a despesa realizada pelos turistas desça dos 181 mil milhões de dólares (cerca de 162 mil milhões de euros), alcançados em 2024, para os 169 mil milhões de dólares (151,2 mil milhões de euros). Este decréscimo representa uma quebra de 22% face ao ano anterior.
O relatório refere que, no ano passado, as viagens e o turismo contribuíram com 2,6 biliões de dólares (cerca de 2,32 biliões de euros) para a economia americana e criaram mais de 20 milhões de empregos.
De acordo com este estudo, realizado em parceria com a Oxford Economics, os Estados Unidos, o maior mercado mundial no setor das viagens e turismo, é o único país entre as 184 economias analisadas pela WTTC que vai perder receitas em 2025. A organização mundial adianta que, enquanto outros países estão melhorar, os EUA estão a recuar. “Confiar nos viajantes nacionais pode ter mantido as luzes acesas durante a pandemia, mas sem um plano de recuperação internacional arrojado, a maior economia de viagens e turismo do mundo corre o risco de ficar ainda mais para trás”, pode ler-se no estudo.
O relatório refere que, no ano passado, as viagens e o turismo contribuíram com 2,6 biliões de dólares (cerca de 2,32 biliões de euros) para a economia americana e criaram mais de 20 milhões de empregos. Este setor também contribuiu com mais de 585 mil milhões de dólares (cerca de 523,6 mil milhões de euros) em receitas fiscais por ano, representando quase 7% de todas as receitas públicas. Há muito que este sector é um motor fiável das receitas fiscais federais, estatais e locais.
Uma chamada de atenção para os Estados Unidos
“Esta é uma chamada de atenção para o governo dos EUA. A maior economia de viagens e turismo do mundo está a caminhar na direção errada, não por falta de procura, mas por falta de ação. Enquanto outras nações estão a estender o tapete de boas-vindas, o governo dos EUA está a colocar o sinal de «fechado»”, referiu Julia Simpson, presidente da WTTC, em comunicado. Explica ainda que “sem uma ação urgente para restaurar a confiança dos viajantes internacionais, poderá levar vários anos até que os EUA regressem aos níveis pré-pandémicos de gastos dos visitantes internacionais, nem mesmo ao pico de há 10 anos. Trata-se do crescimento da economia dos EUA. É exequível, mas precisa da liderança de Washington”.
Por outro lado, as viagens dos norte-americanos para o estrangeiro estão a aumentar e o WTTC adverte que este desequilíbrio não só afeta as economias locais e o emprego, mas também prejudica a posição da América como um destino global de topo para o comércio, a cultura e os negócios.
Em 2024, cerca de 90% dos gastos em viagens e turismo naquele país foram feitos no mercado doméstico. Ou seja, os norte-americanos passaram mais férias dentro de fronteiras. Mas a dependência do mercado doméstico é perigosa, porque o maior crescimento do turismo surge do lado do mercado internacional.
Os dados das chegadas internacionais, em março deste ano, demonstram uma quebra acentuada, sobretudo dos principais países emissores de turistas. As emissões de turistas do Reino Unido, um dos mercados mais importantes para os EUA, diminuíram 15% face ao mesmo mês do ano anterior, sendo que os visitantes alemães caíram 28%. As emissões da Espanha, da Colômbia, da Irlanda, do Equador e da República Dominicana, registaram quebras de dois dígitos, entre 24% e 33% de decréscimo. Já o mercado canadiano está a reduzir as suas reservas nos Estados Unidos desde o ano passado, com uma redução que atinge os 20%.
Por outro lado, as viagens dos norte-americanos para o estrangeiro estão a aumentar e o WTTC adverte que este desequilíbrio não só afeta as economias locais e o emprego, mas também prejudica a posição da América como um destino global de topo para o comércio, a cultura e os negócios.