Indira Campos, Angola country officer do International Finance Corporation (IFC), defendeu, esta terça-feira, na conferência Doing Business Angola, o “novo paradigma” de afastamento do Estado angolano do sector privado, em debate com Hugo Moredo Santos e Paulo Trindade Costa sobre o programa de privatizações em curso naquele país.
A reflexão foi partilhada na conferência “Doing Business Angola”, um evento organizado pel’O Jornal Económico e a Forbes África Lusófona, que se realiza esta terça-feira em Lisboa com o objetivo de reunir alguns dos mais importantes atores do ecossistema económico e político de Angola para abordar alguns dos temas relevantes da vida económica angolana.
“Hoje há um novo paradigma. O Estado tem que se retirar da esfera privada”, afirmou a responsável ao final da manhã, inaugurando o painel “Privatizações: efeitos e perspectivas”, quando convidada a analisar o programa.
Nas palavras da gestora, “o programa permite atrair capital em sectores-chave que Angola quer desenvolver, principalmente quando combinado com uma visão clara e estratégica para aqueles sectores”, na medida em que traz não só capital, como expertise, “fomentando uma nova dinâmica”.
Indira considera que o programa de privatizações e de parcerias público-privadas (PPP) é uma peça fundamental para a competitividade da economia angolana, levantando alguns parâmetros fundamentais para a operacionalização e eficiência do mesmo. “Os programas tem de ser desenvolvidos internamente. Têm de resultar de uma mudança de paradigma que tem de vir de dentro. E tem de haver compromisso ao mais alto nível”, sublinhou.
Além disso, também a questão regulatória é de grande importância. “É muito importante saber o que o Estado está a pensar para esse sector. Ninguém quer investir e depois perceber que há restrições para importação de certos materiais ou exportação do que se está a produzir. Os Estados têm tem de ser claros e saber comunicar. Os investidores querem saber se o processo é transparente”, continuou.
Indira insiste na importância da “transparência do processo” e de se conhecer o máximo de informação possível sobre o ativo. “Ninguém quer ir a jogo se souber que o vencedor já está comprado”, atirou.
O IFC, que tem 35 escritórios no continente africano, é o “braço do sector privado do Banco Mundial”, com a vertente da “concessão de empréstimos ou investimento no capital de empresas privadas em países emergentes”.
“Temos uma componente forte de investimento. Mas, também, uma área muito grande de aconselhamento a empresas e, também, a entidades públicas dos países onde investem. As privatizações e as parcerias público-privadas (PPP) são uma área em que investimos muito tempo e sobre a qual trabalhamos muitos com os governos”, esclarece.
Sobre a expansão de actividade do IFC que, no último ano fiscal, movimentou 11,3 mil milhões de dólares (10,66 mil milhões de euros) em 40 países, a especialista afirma que a instituição quer “crescer ainda mais, principalmente em Angola e quase todos os países de África lusófona”.
O IFC tem “acompanhado vários processos em África”, além do processo em curso no Egito, e, no passado, transações específicas na Nigéria, África do Sul e Gabão, por exemplo.
A conferência Doing Business Angola decorre esta terça-feira no Hotel Ritz, em Lisboa, estando presentes cerca de 200 pessoas.