Espanha mais dependente do gás natural após apagão ibérico

A crescente dependência em Espanha das centrais que utilizam gás natural, para estabilizar a rede elétrica após o apagão ibérico de 28 de abril, teve um "custo elevado", alertou esta semana o grupo de reflexão Ember. De acordo com os dados fornecidos pela Ember, a utilização de gás para serviços de rede duplicou em maio…
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A crescente dependência em Espanha das centrais que utilizam gás natural, para estabilizar a rede elétrica após o apagão ibérico de 28 de abril, teve um "custo elevado", alertou esta semana o grupo de reflexão Ember.
Economia

A crescente dependência em Espanha das centrais que utilizam gás natural, para estabilizar a rede elétrica após o apagão ibérico de 28 de abril, teve um “custo elevado”, alertou esta semana o grupo de reflexão Ember. De acordo com os dados fornecidos pela Ember, a utilização de gás para serviços de rede duplicou em maio face ao período homólogo, representando 57% do preço da electricidade, face a 14% em 2024.

Como resultado, acrescentou a organização, as perdas de energia renovável triplicaram desde o apagão em Espanha e Portugal, passando de 1,8% nos últimos dois anos para 7,2% no período entre maio e julho. “Espanha corre o risco de regressar a uma dependência onerosa do gás no meio dos receios pós-apagão”, alertou Chris Rosslowe, analista sénior de energia da Ember, citado num relatório.

Rosslowe destacou a necessidade de investir em baterias e interligações, algo que ajudará Espanha a “finalmente libertar-se” da dependência dos combustíveis fósseis. De qualquer modo, o analista reconhece que, nos últimos anos, Espanha “quebrou a ligação prejudicial entre os preços da electricidade e a volatilidade dos combustíveis fósseis, algo que os seus vizinhos europeus estão ansiosos por alcançar”.

Aeroportos encerrados, congestionamento nos transportes e falta de combustíveis estiveram entre as consequências imediatas. Até agora, o aumento de tensão em cascata, um fenómeno técnico inédito na Europa, tem sido a causa apontada para o incidente.

O estudo do Ember revela que o declínio da influência dos combustíveis fósseis em Espanha tem sido “muito mais rápido” do que noutros países dependentes do gás, como a Alemanha e a Itália. O crescimento da energia eólica e solar em Espanha reduziu a influência do gás e do carvão nos preços da eletricidade em 75% desde 2019, tornando o mercado espanhol de eletricidade um dos mais baratos da Europa, referiu o grupo. Nos mercados europeus, a geração mais cara em funcionamento — geralmente o gás ou o carvão — define o preço grossista da electricidade por hora. Assim, à medida que a quota de energias renováveis mais baratas aumenta, os combustíveis fósseis determinam o preço com menos frequência.

A análise revela que, na primeira metade de 2025, a geração a partir de combustíveis fósseis influenciou o preço da eletricidade em Espanha em apenas 19% das horas, o valor mais baixo entre os cinco países europeus com as maiores frotas de gás. Como resultado, o preço grossista da electricidade em Espanha foi 32% inferior à média da União Europeia. O apagão de 28 de abril, classificado pela Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade como “excecional e grave”, deixou Portugal e Espanha praticamente sem eletricidade durante mais de 10 horas.

Aeroportos encerrados, congestionamento nos transportes e falta de combustíveis estiveram entre as consequências imediatas. Até agora, o aumento de tensão em cascata, um fenómeno técnico inédito na Europa, tem sido a causa apontada para o incidente.

(Lusa) 

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