A ESI (Engenharia, Soluções e Inovação) foi criada por Gil Sousa, Luís Leitão e Reinaldo Ribeiro em 2007, após terminarem a licenciatura em Engenharia Mecânica na Universidade do Minho.
Através de um concurso nacional de inovação, participaram com o projeto de estágio que tinham desenvolvido – uma solução inovadora de cadeira de rodas para ser utilizada, por exemplo, em ambulâncias -, tendo sido premiados com uma patente. A partir daí, começaram a estabelecer contactos com o mercado de trabalho.
Muito recentemente, e já com uma história de 15 anos, a empresa passou a chamar-se ESI Robotics. Esse processo de rebranding pretende reforçar a vontade de expansão internacional. Conversa com Gil Sousa, Diretor Comercial da ESI
Quem foram (na fase de nascimento) e quem são os investidores da empresa?
Gil Sousa (GS): Na fase de nascimento, os investidores da empresa foram precisamente os três sócios fundadores: Gil Sousa, Luís Leitão e Reinaldo Ribeiro. Atualmente existem outros investidores que preferem manter-se como silent partners.
O mercado onde estão presentes é nacional ou internacional? Em que países (isto no caso de estarem presentes no estrangeiro)?
GS: Atualmente, estamos presentes maioritariamente no mercado nacional, sendo que muitos dos nossos clientes são multinacionais, como a Continental, o IKEA, a Prozis, a Polisport, a SLM, o Grupo Amorim, a Faurecia, a Cordex, entre outros. No entanto, estamos neste momento a iniciar o nosso processo de internacionalização.
Quais são as indústrias para as quais fornecem mais equipamentos e que, por esse motivo, têm um maior peso na vossa carteira de clientes?
GS: Somos multi-setorizados, abrangendo todos os ramos da indústria. Este fator tem-nos permitido acumular know-how e fazer transferência de tecnologia entre diferentes áreas. Trabalhamos transversalmente em vários sectores da indústria: alimentar, automóvel, metalomecânica, médica, polímeros, construção, madeiras, cortiça, cerâmica.
Em termos de volume de negócio, qual é a dimensão da ESI e qual tem sido a sua evolução?
GS: A nossa estratégia é focarmo-nos na rentabilidade e qualidade das soluções, e não tanto no volume de negócios. É dessa forma que pretendemos desenvolver o mercado nacional e iniciar o processo de internacionalização.
Qual é o vosso principal produto?
GS: O nosso principal produto são soluções robotizadas para otimização de processos industriais. Através de Investigação e Desenvolvimento (I&D), melhoramos os processos produtivos dos nossos clientes, reduzindo os custos de produção e aumentando a qualidade dos serviços, métodos e produtos. Trabalhamos em conjunto com os nossos clientes, na análise dos processos produtivos, numa ótica de melhoria constante. Aplicamos o nosso know-how em sistemas inovadores que permitem reduções de custos e criação de valor. Existe, assim, uma relação win-win, que resulta no aumento da produtividade nos nossos clientes.
Qual é a vantagem de uma empresa optar pelos vossos produtos, em vez de outros que estão no mercado? Em que é que a vossa oferta se distingue?
GS: A nossa oferta distingue-se pelo desenvolvimento de “tailor-made solutions”. Temos um departamento de I&D (Investigação e Desenvolvimento), com uma forte componente de inovação, capaz de criar conceitos inovadores, que não existem no mercado. Muitas das nossas soluções acabam por ser patenteadas, como é o caso do projeto que desenvolvemos para o Grupo Amorim, que permite o embalamento eficiente e sustentável de rolhas. Esta solução reduz 30% do volume de transporte, diminuindo os custos logísticos e a pegada ambiental do nosso cliente.
Recentemente, fomos distinguidos pela ANI – Agência Nacional de Inovação, com o selo ID. Obtivemos o reconhecimento de idoneidade na prática de atividades de I&D (Investigação e Desenvolvimento), nos seguintes domínios técnico-científicos e áreas de atuação: Tecnologias de Produção e Indústrias de Produto; Desenvolvimento e eficiência de Sistemas de Produção. Esta distinção valoriza a nossa capacidade de criar soluções inovadoras e exclusivas para os nossos clientes.
A tecnologia da ESI é 100% nacional?
GS: As soluções desenvolvidas são 100% portuguesas. No entanto, incorporamos componentes tecnológicos internacionais.
Sentem dificuldades em recrutar e manter “massa cinzenta” de engenharia? De que forma procuram assegurar talento, nacional ou internacional?
GS: Felizmente, não sentimos dificuldade em recrutar, uma vez que temos ligação e parcerias com universidades, nomeadamente, com a Universidade do Minho, a Faculdade de Engenharia do Porto, o INEGI (Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial), a Universidade de Coimbra, o Instituto Técnico de Lisboa, a FAUP (Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto) e o IPCA (Instituto Politécnico do Cávado e Ave). Estabelecemos também ligação com escolas profissionais, no sentido de recrutar profissionais qualificados, como ATEC, CENFIM e Forave.
Conseguimos cativar os engenheiros que trabalham connosco através do nosso caráter inovador. Atualmente, estamos também a criar uma academia de formação que nos vai permitir formar recursos adequados às nossas necessidades e ao plano de desenvolvimento, uma vez que existem alguns temas atuais que não são lecionados nas universidades.
Quais são os principais desafios que a empresa enfrenta na comercialização de soluções robotizadas?
GS: A maior dificuldade que temos sentido desde o início da pandemia tem sido a demora nos prazos de entrega dos componentes eletrónicos, o que por sua vez tem consequências na instalação das nossas soluções. Por outro lado, alguns clientes têm ainda dificuldade em perceber as reais vantagens no médio/longo prazo, da automatização/robotização dos processos, focando-se, por vezes, no investimento inicial e não na rentabilidade.
Na Feira Qualifica tiveram um simulador de voo que combina robótica, realidade virtual com 4D. Qual foi o objetivo desse desenvolvimento?
GS: Criámos este simulador de voo em parceria com a AEP e com o IPCA com o objetivo de cativar os estudantes para o potencial das novas tecnologias, robótica e realidade virtual, proporcionando-lhes uma experiência lúdica e imersiva.
Quanto tempo demorou a desenvolver esse simulador?
GS: Cerca de duas semanas. Trabalhámos em parceria com o IPCA, sendo que eles desenvolveram a simulação digital 3D e nós desenvolvemos todo o hardware e programação do robô.
Qual o investimento que exigiu?
GS: Aproximadamente 100 mil euros.
Este projeto significa que a ESI pretende também explorar esse campo dos simuladores, seja para entretenimento, seja para formação?
GS: Será sempre um tipo de soluções que podemos desenvolver caso a caso.
Que tipo de simuladores pensam desenvolver?
GS: Os simuladores que viermos a desenvolver serão sempre de acordo com necessidades específicas do mercado, no entanto, o limite é a imaginação. Poderemos trabalhar em áreas ligadas ao entretenimento, desporto motorizado, ou simulações técnicas que possam ser utilizadas na área militar, por exemplo.
Consideram que o vosso simulador pode vingar no mercado, mesmo internacional, perante a concorrência?
GS: Este simulador não foi criado para efeitos comerciais, mas se aplicarmos o nosso know-how e criatividade nesta área, estamos certos de que teremos um produto diferenciador e com potencial de vingar no mercado.
Quando teremos os primeiros simuladores de série prontos?
GS: Não conseguimos prever, uma vez que ainda estamos numa fase experimental.
No campo da robótica, uma ferramenta de Inteligência Artificial como o ChatGPT que tipo de apoio pode fornecer a uma empresa como a vossa?
GS: A inteligência artificial e as ferramentas que têm sido desenvolvidas, como o ChatGPT, têm muito potencial e podem ser aplicadas em diferentes processos. Neste momento, está a ajudar-nos a gerar um código de programação para as soluções que desenvolvemos.
Quais são os próximos passos e planos da empresa para o futuro?
GS: Um dos próximos passos e planos para a ESI é dar início ao processo de internacionalização. Recentemente, investimos no rebranding da nossa empresa e com isto pretendemos unificar a nossa marca e torná-la acessível a todos.
O que nos podem anunciar como novos lançamentos?
GS: Estamos a desenvolver uma plataforma digital com recolha de dados em tempo real, que nos permitirá gerir a manutenção dos equipamentos de uma forma mais dinâmica e eficaz. Estamos também envolvidos em dois PRR destintos: INOVAM, em que estamos a criar uma solução para impressão 3D para peças de grandes dimensões 2,5 x 5 x 2,5 (m) – e TEXP@ct – projeto de I&D de uma solução roborizada para automatização de processos de costura na área têxtil.