O Prémio Camões 2021 foi atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane.
“O júri decidiu por unanimidade atribuir o Prémio à escritora moçambicana Paulina Chiziane, “destacando a sua vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra”, refere em comunicado.
O júri referiu também a importância que dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana. “O júri sublinhou o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes. Paulina Chiziane está traduzida em muitos países, e é hoje uma das vozes da ficção africana mais conhecidas internacionalmente, tendo já recebido vários prémios e condecorações”, afirma o júri.
Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou linguística em Maputo. Atualmente vive e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na “Página Literária”, e na revista Tempo).
O júri referiu também a importância que dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana.
Publicou o seu primeiro romance, “Balada de Amor ao Vento”, depois da independência (1990), que é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana. “Ventos do Apocalipse”, concluído em 1991, saiu em Maputo em 1995 como edição da autora e foi publicado pela Caminho em 1999.
Outras obras suas: “O Sétimo Juramento” (Caminho, 2000); “Niketche: Uma História de Poligamia” (Lisboa: Caminho, 2002; São Paulo: Companhia das Letras, 2004; Maputo: Ndjira, 2009, 6ª edição); “As Andorinhas” (2009 1ª Edição, Indico Editores); “O Alegre Canto da Perdiz” (Lisboa: Caminho, 2008). “Na mão de Deus” (2013); “Por Quem Vibram os Tambores do Além” (2013); “Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento” (2015); “O Canto dos Escravos” (2017); e “O Curandeiro e o Novo Testamento (2018).
Alguns dos seus livros foram publicados em Portugal e no Brasil, e estão traduzidos em inglês, alemão, italiano, espanhol, francês, sérvio, croata.
“Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance, mas eu afirmo: sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte”, afirma a autora.
Felicitações de Presidente da República e Primeiro-Ministro
“A obra de Chiziane, que tem tido edição portuguesa, cruza identidades (à imagem da biografia da própria escritora), cruza linguagens literárias e orais, e cruza histórias de violência, as da subjugação feminina e as que são herança de duas guerras, a guerra da independência e a guerra civil”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, em nota de felicitações à escritora.
“Depois de Craveirinha e Mia Couto, o maior prémio da literatura em língua portuguesa vai novamente para Moçambique. O Prémio Camões celebra a relevância do português como grande língua de cultura e a sua diversidade”, elogia António Costa, Primeiro-Ministro português.
O Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, é o maior prémio de prestígio da língua portuguesa. Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa.
O júri da 33ª edição do Prémio Camões foi constituído por Ana Martinho, professora universitária (Portugal); Carlos Mendes de Sousa, professor universitário (Portugal); Jorge Alves de Lima, escritor e investigador (Brasil); Raul César Fernandes, professor universitário (Brasil); pelos PALOP, Tony Tcheka, escritor (Guiné-Bissau); e Teresa Manjate (Moçambique).