O livreiro José Pinho, fundador da Ler Devagar, morreu esta terça-feira, aos 69 anos, no Hospital CUF, em Lisboa, vítima de doença oncológica, confirmou à Lusa fonte da família.
O Presidente da República considerou que o desaparecimento do livreiro José Pinho, fundador da Ler Devagar, representa “a perda de um dos melhores amigos dos livros e da leitura em Portugal”.
“Que o seu exemplo possa ser prosseguido e favorecido”, escreve Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota publicada no ‘site’ da Presidência da República.
Na nota, o Presidente da República considerando ainda essencial a existência de livreiros esclarecidos, inventivos e combativos, sublinhando que poucos o foram como o fundador da Ler Devagar O livreiro José Pinho, fundador da Ler Devagar,
“Em qualquer época, mas sobretudo numa época em que a cultura do livro enfrenta sérios desafios, a existência de livreiros esclarecidos, inventivos e combativos é essencial”, refere na nota, acrescentando: “poucos livreiros o foram em tão alto grau, e com um lado saudavelmente aventureiro, lúdico, sedutor, como José Pinho”.
Marcelo Rebelo de Sousa lembra a condecoração que atribuiu há poucas semanas a José Pinho, “como reconhecimento do seu mérito e contribuição para a Cultura portuguesa”.
“Era impossível encontrá-lo sem que nos contasse mais um projeto, projetos sempre muito ambiciosos mas, no fim de contas, realizáveis”, refere o Presidente da República.
Com a Ler Devagar “recuperou o infelizmente desusado conceito de livraria de fundos, defendendo, em contraciclo, a diversidade e a pluralidade de géneros literários e a atenção a médias e pequenas editoras”, com o FOLIO “apostou no estabelecimento de uma ‘vila literária’, onde as livrarias generalistas e temáticas conquistavam espaço a edifícios antigos” e, com a RELI (Rede de Livrarias Independentes), “militou pelos editores e livreiros independentes, pelos alfarrabistas, por um ecossistema do livro duramente atingido por vários fatores conhecidos, mas não inevitáveis”, escreve.
Também diretor criativo do Festival Internacional de Literatura e Língua Portuguesa 5L (iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa que celebra simultaneamente a Língua, a Literatura, os Livros, as Livrarias e a Leitura), foi este mês agraciado com a medalha de mérito cultural pela Câmara Municipal da capital, por ser considerado “uma personalidade ímpar da cidade”.
Aquando da entrega da medalha de mérito cultural em Lisboa, o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral, enalteceu “o papel fundamental que José Pinho tem tido na promoção do livro e da leitura, através de projetos inovadores e independentes que são ainda hoje marcos fundamentais da cultura do livro e da livraria”.
Uma semana depois, recebeu, pelas mãos do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o grau de comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
📖 Resumo do percurso de José Pinho
Nascido em 1953, em São Pedro do Sul, no distrito de Viseu, o nome de José Pinho fica para sempre ligado ao livro em Portugal; fundou o festival Folio (Festival Literário Internacional de Óbidos), em Óbidos, o Latitudes, no mesmo concelho, e esteve na criação da Rede de Livrarias Independentes (RELI), entre muitas outras ações de divulgação e promoção da literatura.
Lusa
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