A ERA Group – designada anteriormente de Expense Reduction Analysts – é uma consultora especializada em otimização de custos em diversos áreas do mercado empresarial. Foi fundada no Reino Unido em 1992, por Fred Marfleet, numa lógica de “No savings, no Fee”, ou seja, a sua remuneração depende exclusivamente de resultados obtidos pelos seus clientes. A empresa tem registado um crescimento significativo e está, neste momento, presente em mais de 50 países, nos cinco continentes. Só no ano passado, o grupo analisou cerca de 14 mil milhões de euros em custos em perto 16 mil projetos internacionais.
João Pontes, é Partner & Area Developer da ERA Group e revela, em entrevista à Forbes Portugal, qual a evolução do negócio esperada para o mercado nacional e mostra que a eficiência energética é uma área com bastante potencial de crescimento.
Qual o motivo do rebranding para ERA Group? Qual foi a vantagem sentida?
A mudança de Expense Reduction Analysts para ERA Group procurou aproximar-nos dos objetivos futuros que traçamos para o nosso negócio. Com esta nova identidade, além de homenagearmos 30 anos de legado e atuação no mercado internacional, conseguimos ir além da mera redução de despesas, que era um fator implícito no nosso nome.
O trabalho que desenvolvemos é muito mais profundo do que simplesmente analisar as categorias de custos de uma empresa. Em conjunto, identificamos oportunidades de crescimento e melhorias para tornar as empresas mais resilientes e competitivas.
Quando é que a empresa entrou no mercado nacional, e qual é a dimensão atual do mesmo?
A ERA atua no mercado português há 17 anos. Temos registado uma procura bastante expressiva, sendo que, no ano passado, iniciámos em Portugal mais de 200 novos projetos, um crescimento de 25% face ao final de 2022, que reflete também um crescimento de 22% no número de empresas que procuraram os nossos serviços. No total, desde 2019, assistimos a um aumento substancial de atividade, conseguindo poupar ao tecido empresarial nacional mais de 25 milhões de euros. É um crescimento bastante significativo e que nos deixa com orgulho porque sabemos que não existe equipa tão dedicada aos seus clientes como nós.
“O trabalho que desenvolvemos é muito mais profundo do que simplesmente analisar as categorias de custos de uma empresa. Em conjunto, identificamos oportunidades de crescimento e melhorias para tornar as empresas mais resilientes e competitivas”, diz João Pontes.
Em Portugal, aspiramos ser uma consultora de referência na otimização de custos. Temos uma equipa com mais de 40 colaboradores e estamos integrados numa rede global de mais de mil consultores, e por isso temos acesso a conhecimento e experiência internacional. Atuamos maioritariamente junto de empresas de média e grande dimensão e temos registado, ano após ano, um crescimento significativo no número de novos clientes.
Qual é o peso ou a importância da filial nacional no grupo?
Portugal é, cada vez mais, um mercado relevante e estratégico para a ERA. Nos últimos cinco anos, temos sido reconhecidos pelo crescimento agregado, pelas poupanças médias implementadas e pelo aumento do número de clientes nos diversos setores em que atuamos. Um exemplo claro dessa importância significativa é o volume de negócios da ERA Portugal que, comparativamente com outros países europeus, se encontra acima da média, e em mercados consideravelmente maiores. Este desempenho não se destaca apenas em termos proporcionais ao tamanho do mercado nacional, mas, em alguns casos, também em valor absoluto.
Qual a vossa estratégia de crescimento?
A nossa estratégia de crescimento assenta em três pilares fundamentais: tecnologia, capital humano e redução de custos. Através da digitalização e do potencial da Inteligência Artificial, alavancamos os negócios dos nossos clientes de forma relevante e eficiente, integrando tecnologias que otimizam processos e oferecem insights mais precisos. Incorporamos profissionais com experiência em setores específicos, reforçando a nossa capacidade para oferecer um serviço especializado em todas as áreas de atividade.
Por fim, destacamos o facto de atuarmos numa equipa de especialistas nacionais e internacionais, que nos permite recorrer à experiência e conhecimento da ERA a nível global para a aprofundar a nossa atuação nas diversas áreas de custo, principalmente relacionadas com a digitalização e introdução de novas tecnologias.
Relativamente à vossa atividade, de que forma ajudam as empresas a fazer uma melhor transição energética?
A nossa operação é muito simples, mas muito profunda: analisamos detalhadamente as necessidades de cada negócio, onde procuramos identificar oportunidades para reduzir o consumo energético e otimizar os custos das empresas. Em seguida, procuramos colocar o nosso cliente alinhado com as melhores práticas no mercado, as quais conhecemos bem. Ou seja, avaliamos as necessidades energéticas de cada cliente e desenvolvemos estratégias personalizadas para mitigar riscos associados às flutuações de preços, interrupções de fornecimento e dependências de fontes de energia menos sustentáveis.
“A nossa operação é muito simples, mas muito profunda: analisamos detalhadamente as necessidades de cada negócio, onde procuramos identificar oportunidades para reduzir o consumo energético e otimizar os custos das empresas”, afirma João Pontes.
Depois, apoiamos a implementação destas estratégias e fazemos uma monitorização em tempo real e gestão de risco contínua, para garantir que, com as constantes mudanças nos mercados de energia, conseguimos ajudar as empresas a gerir a volatilidade dos preços. Além disso, identificamos oportunidades para a adoção de energias renováveis que oferecem uma maior segurança e independência no fornecimento energético.
Em todas estas áreas, estamos comprometidos em encontrar as melhores soluções, de forma colaborativa, para garantir a sustentabilidade empresarial. Há dois elementos-chave que nos diferenciam: o primeiro é a garantia de resultados através da execução das recomendações validadas pelo cliente; e o segundo prende-se com o facto de os nossos honorários resultarem exclusivamente dos resultados gerados, existindo um nexo de causalidade direto entre ambos, assegurando que o cliente não corre qualquer risco uma vez que, se não gerarmos resultados, não nos paga nada.
Em que patamar estão as empresas portuguesas relativamente à transição energética?
As empresas portuguesas estão a progredir significativamente em direção a uma maior transição energética, mas há ainda um longo caminho a percorrer para atingir a neutralidade carbónica até 2050. Parte desse investimento já é visível, por exemplo, no aumento da produção descentralizada de energia, com empresas a instalarem painéis solares para autoconsumo, ou até mesmo na adoção de novas tecnologias para otimizar o consumo energético. Quando comparado com outros países da União Europeia, Portugal está numa posição privilegiada devido ao seu elevado potencial de produção através de fontes renováveis como a eólica e a solar.
Cerca de 57% das empresas dizem ter acelerado significativamente os seus esforços para se tornarem mais sustentáveis e eficientes e, assim, corresponderem às normas regulatórias cada vez mais exigentes.
Os últimos anos, marcados pela oscilação dos preços no mercado de energia, têm demonstrado essa capacidade das empresas portuguesas se adaptarem consoante as necessidades. Um estudo recente da Intrum revela que, no último ano, mais de 59% das empresas portuguesas reduziram o seu consumo energético como resposta ao impacto da escalada de preços. Essa capacidade de adaptação veio demonstrar que o tecido empresarial português consegue garantir o mesmo desempenho com um consumo mais moderado e, desta forma, otimizar as suas operações. Além disso, o estudo demonstrou que 57% das empresas dizem ter acelerado significativamente os seus esforços para se tornarem mais sustentáveis e eficientes e, assim, corresponderem às normas regulatórias cada vez mais exigentes. São números bastante positivos, que reforçam uma maior consciência e responsabilidade ambiental das empresas nacionais, mas revelam que ainda é necessário inovar e investir em práticas mais sustentáveis se queremos atingir a total transição energética até 2050.
Quem se preocupa mais com esta questão: as grandes empresas, as médias e pequenas ou as startups?
Esta é uma preocupação que tem vindo a ser cada vez mais transversal a todo o tecido empresarial, quer sejam grandes, médias ou pequenas empresas, ou até mesmo startups. No entanto, as pequenas e médias empresas, que representam 99,9% do tecido empresarial português, enfrentam uma série de condicionantes que as demais não têm, nomeadamente na falta de recursos financeiros ou na dificuldade de acesso a investimento adequado para o desenvolvimento sustentável e na falta de literacia e conhecimento técnico para inovarem.
Quais são as maiores barreiras e entraves a uma célere transição energética por parte das empresas?
As principais condicionantes a uma célere transição energética por parte das empresas são as barreiras ao acesso a financiamento adequado para investir em novas tecnologias, em fontes alternativas de energia e em processos mais automatizados e a falta de literacia e conhecimento técnico. Os incentivos para o tecido empresarial português apostar numa maior transição energética são, muitas vezes, escassos e insuficientes para dar resposta à crescente pressão regulatória. A par destas barreiras, destaco ainda a falta de clareza em algumas políticas, especialmente em relação a impostos, subsídios e incentivos para tecnologias renováveis e fontes alternativas de consumo que, por tão complexas que são, podem funcionar como um desincentivo para as empresas investirem de forma mais arrojada.
Que bons exemplos podem destacar em Portugal no caminho da transição energética eficiente?
Em Portugal, temos assistido a diversos exemplos positivos no caminho da sustentabilidade e da transição energética eficiente. Empresas e indústrias têm dado passos importantes na promoção de práticas e soluções inovadoras para garantir uma maior sustentabilidade e transição energética nas operações. Um destaque relevante é, por exemplo, as empresas que têm adotado fontes de energia alternativas, como a solar e a eólica, como forma de reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Outras empresas têm investido na modernização de infraestruturas para aumentar a eficiência e capacidade de armazenamento de energia. A transição para fontes de energia mais limpas e o esforço na redução da pegada de carbono é, cada vez mais, uma prioridade na agenda das empresas.
“As principais condicionantes a uma célere transição energética por parte das empresas são as barreiras ao acesso a financiamento adequado para investir em novas tecnologias, em fontes alternativas de energia e em processos mais automatizados (…)”, refere João Pontes.
No campo da mobilidade sustentável, há quem promova a utilização de veículos elétricos ou soluções de transporte compartilhado. Além disso, a implementação da circularidade nas operações, através da gestão de resíduos ou a implementação de materiais de embalagem mais sustentáveis, tem sido importante para diminuir a dependência e sobre-exploração de recursos naturais e torna-se essencial para acelerar a transição para uma economia mais resiliente e sustentável. Todas estas iniciativas e soluções têm o potencial de tornar Portugal como um país exemplo na União Europeia, ao promover práticas e inovações comprometidas com a sustentabilidade.