As estrelas são os atletas, mas o futebol não seria aquilo que é hoje sem os adeptos. São eles que enchem os estádios, que compram as camisolas, que assistem aos jogos na televisão e que seguem os jogadores e clubes nas redes sociais. Se dúvidas houvesse, as imagens dos jogos com as bancadas vazias depois do início da pandemia causada pela covid-19 são a prova disso mesmo: Sem adeptos não é, de todo, a mesma coisa.
Se inicialmente o foco passava por fazer crescer o número de adeptos em todo o mundo, quando se chega a um determinado nível de popularidade as coisas mudam. “[O crescimento] ainda é uma prioridade, mas agora focamos mais no engagement”, explicou Caroline Buckland, responsável pelo fan engagement da Oracle Red Bull Racing. Até porque, como realçou Amr Elrawi, diretor na Oracle, o que o adepto escolhe fazer é o que vai adicionar valor à marca, logo é essa escolha que as marcas têm de conseguir conquistar. Tudo isto a nível global: “O que vemos no desporto é uma transformação que aconteceu em várias indústrias, graças à tecnologia e data. Trata-se de pensar para lá dos fãs locais. A visão torna-se maior”, disse.
A série “Drive to Survive”, da Netflix, é um caso de sucesso no que ao aumento do número e do engagement dos fãs diz respeito. Todos querem ver o behind the scenes dos fins de semana de Grande Prémio.
“Drive to Survive trouxe muitas pessoas por causa do drama. Há pessoas que apoiam mais os pilotos do que uma equipa. Parte do meu trabalho é fazê-los seguir-nos como equipa. É uma dinâmica diferente do futebol. É inegável que as histórias deles [pilotos] é o que atrai os fãs. Temos de contar também as histórias da equipa. Tentamos contar a narrativa da equipa atrás da equipa”, diz Caroline.
Séries como esta e a popularidade dos atletas como indivíduos são alguns dos motivos que levam os adeptos a recorrer a várias plataformas para saber mais além da competição propriamente dita. Num outro painel da Thinking Football Summit, discutiu-se o reinado do streaming e a queda da televisão.

“A forma como consumimos futebol agora é diferente. Temos o jogo em si, mas temos a antevisão, o pós-jogo. Antes víamos o jogo na TV e agora vemos o jogo com o telemóvel na mão. Acho que o futebol realmente mudou, há muitas outras plataformas onde o futebol é consumido. A dinâmica realmente mudou”, afirmou Robbie Lyle, fundador e diretor executivo da Global Fan Network. “Temos de abraçar a tecnologia. O futebol é mundial. As pessoas podem ver em todo o lado por causa da tecnologia. A tecnologia faz com que os clubes consigam chegar a uma audiência maior, não é algo negativo”.
Roger Brosel, responsável pelo conteúdo da La Liga, acrescentou: “Temos de estar onde o público está, criar conteúdo específico para cada target, não se pode esperar que as pessoas venham até nós. Estamos a lutar por tempo. Nós não competimos só contra outras ligas, mas contra outros desportos, serviços de streaming. No final todos oferecemos conteúdo de vídeo e o que queremos é que o nosso seja visto pelo máximo número de pessoas. Temos de tornar o produto mais acessível”.