A Fundação Calouste Gulbenkian lança o Gulbenkian Carbono Azul, um projeto que vai mapear todos os ecossistemas marinhos e costeiros com potencial para sequestrar dióxido de carbono da atmosfera em quantidades superiores às das florestas.
Esses locais irão localizar-se no Parque Natural da Ria Formosa; Reserva Natural de Castro Marim; Estuário do Arade; Ria de Alvor; Estuário do Mira; Reserva Natural do Estuário do Sado; Reserva do Estuário do Tejo; Ria de Aveiro; e Lagoa de Óbidos.
No âmbito deste projeto será ainda disponibilizada uma carteira de intervenções de proteção e restauro destes ecossistemas de carbono azul, à qual as empresas e outros agentes económicos interessados poderão recorrer para compensar a sua pegada carbónica e/ou investir em carbono azul em Portugal.
“O Gulbenkian Carbono Azul atuará como impulsionador do mercado de carbono azul em Portugal”, destaca a Fundação.
Neste mapeamento, feito de norte a sul de Portugal Continental, os ecossistemas estarão caracterizados (localização, dimensão, condição em que se encontra, taxa anual de sequestro de carbono, entre outras características), de modo a definir as medidas de proteção e restauro adequadas.
A disponibilização desta informação tem como intuito fomentar o investimento em conservação e restauro ecológico destes habitats marinhos e costeiros, vitais para o combate à crise climática e proteção da biodiversidade e para alcançar as metas do Acordo de Paris de 2015.
Fundação quer dar o exemplo e será a primeira a investir nesta nova carteira de carbono azul, para compensar a sua própria pegada carbónica.
A Fundação Gulbenkian fará o primeiro investimento nesta carteira nacional de carbono azul, financiando um projeto-piloto de conservação ou restauro numa destas áreas marinhas, de forma a compensar o volume da pegada carbónica não mitigável da própria Fundação em 2021, a qual foi de 2.238 toneladas de dióxido de carbono equivalente, que incluem as emissões de gases de efeito estufa provenientes da eletricidade ou calor adquiridos e consumidos.
“O Gulbenkian Carbono Azul atuará como impulsionador do mercado de carbono azul em Portugal”, destaca a Fundação que tem prevista a construção de uma rede de potenciais financiadores (empresas) interessados em apoiar estes projetos para vai facilitar o seu crescimento.
Liderado e coordenado pela Fundação Calouste Gulbenkian, este projeto é desenvolvido em parceria com o CCMAR – Universidade do Algarve e a ANP | WWF – Associação Natureza Portugal, em associação com a WWF.
O lançamento do Gulbenkian Carbono Azul inscreve-se na participação da Fundação Calouste Gulbenkian na Conferência do Oceano das Nações Unidas, que decorre em Lisboa entre 27 de junho e 1 de julho.
A apresentação do Gulbenkian Carbono Azul ao público será feita no dia 27 de junho, às 16h45, no auditório do Fórum Oceano no Pavilhão de Portugal.
O que é o Carbono Azul?
Carbono azul é o termo utilizado para designar o carbono removido da atmosfera pelos ecossistemas marinhos e costeiros, promovendo a redução do impacto dos Gases de Efeito de Estufa (GEE) na atmosfera.
Mangais, pradarias marinhas, sapais e florestas de algas são os ecossistemas costeiros atualmente reconhecidos com maior potencial para a mitigação do aumento de CO2 na atmosfera. Em Portugal, destes três ecossistemas, só não existem mangais – são ecossistemas típicos de climas tropicais.
As taxas de captação de carbono pelos ecossistemas marinhos são muito mais elevadas do que o captado pelos ecossistemas terrestres. Trata-se, por isso, de uma solução de base natural para as alterações climáticas.
“Porém, as próprias alterações climáticas estão a afetar estes ecossistemas. Eventos climáticos extremos, a subida do nível do mar ou o aumento da temperatura podem danificar os sistemas, levando a que uma enorme quantidade de carbono retido seja emitida de volta à atmosfera, pelo que o restauro destes ecossistemas é urgente e imprescindível”, sublinha a Gulbenkian.