As empresas portuguesas estão na FACIM – Feira Internacional de Maputo com o mote de concretizar novos negócios no mercado com “enorme potencial” em Moçambique. Na edição de 2023 estão presentes nove empresas portuguesas que têm as suas marcas expostas naquela que é a maior feira de negócios moçambicana.
Em declarações à Lusa, José Simões, responsável da Cegid, multinacional de soluções de gestão empresarial na cloud, em Moçambique e Angola, assume que “Moçambique é um mercado com enorme potencial de investimento”. A empresa de gestão de software, que nasceu da fusão entre a Primavera e a Eticadata, opera em Moçambique há mais de 20 anos e, refere que está no pavilhão de Portugal com o objetivo de reforçar a sua presença no país, elevando a carteira de cerca de mil clientes que já possui. “Nós já somos líderes e queremos reforçar a nossa presença, frisou José Simões.
Com as restrições impostas pela covid-19 nos últimos anos, o mercado do setor tecnológico do país africano cresceu, apesar dos desafios que o período apresentou, acrescentou o gestor. “A covid-19 trouxe um momento muito complicado para todos nós. Mas, no final do dia, para nós, apesar dos desafios, o período foi positivo e de evolução, incluindo para o próprio país que se teve de adaptar a novos desafios”, salientou.
Mas o período descrito como positivo para a Cegid não foi agradável para o empresariado português de outros setores, como é o caso do grupo Mota Egil, que viu pelo menos três dos seus principais projetos, ligados aos megaprojetos de gás, suspensos devido ao terrorismo no Norte de Moçambique, além da covid-19.
“Neste momento o mercado moçambicano está numa fase de transição. Continuamos com os megaprojetos suspensos. Nós temos grandes perspetivas, até pelo facto de termos dois grandes projetos nos megaprojetos [a construção de dois cais na exploração de gás pela francesa Total em Afungi]”, disse à Lusa Aníbal Leite, editor executivo da construtora Mota-Engil África.
Apesar dos desafios, o grupo português Mota-Engil olha para o mercado moçambicano com boas projeções, com pelo menos 30 projetos em simultâneo, com destaque para reabilitação da Estrada Nacional Número 1, a principal, e a construção de um tribunal.
“Não temos crescido, mas temos mantido uma consistência e um registo bastante interessante. Mas não temos qualquer dúvida que com o reinício das obras dos megaprojetos, com outros projetos associados, acredito que Moçambique já é um dos principais mercados da Mota Egil”, acrescentou Aníbal Leite.
A reabilitação da principal estrada do país, numa extensão de mais de dois mil quilómetros, vai também trazer novas perspetivas para o grupo farmacêutico português Azevedos Medis, que aponta a degradação da rodovia como um dos principais desafios na distribuição de medicamentos no setor, embora também destaque que o mercado moçambicano tem potencial.
“Por exemplo, o abastecimento de medicamentos para Nampula leva 15 dias (…) A estrada nacional tem alguns pontos desafiantes e não se podem fazer viagens de noite. Mas não é nada que não se ultrapasse”, afirmou à Lusa Ricardo Santos, diretor-geral da Azevedos Medis em Moçambique.
No geral, para o empresariado português, Moçambique continua “um mercado de enorme potencial” e agora a ambição é reforçar a presença no país que já em “bem conhecido”.
A diretora de Relações Internacionais da Fundação AIP, Fátima Vila Maior, destacou que “já há alguns anos o pavilhão de Portugal não é o maior da FACIM, mas não é o maior porque as relações com Moçambique já são muito maduras, felizmente. Há imensas empresas de capital português que já são moçambicanas”.
Lusa